terça-feira, 23 de novembro de 2010

Carga Tributária Total no Brasil é de 34% do PIB

O Brasil é o país que tem a maior carga tributária entre os Brics (grupo formato por Brasil, Rússia, Índia e China). O total de impostos, tributos e contribuições recolhidos no país é de 34% do Produto Interno Bruto (PIB). Na Rússia, a carga é de 23% do PIB, na China é de 20% e na Índia, país cuja estrutura tributária é a mais parecida com a brasileira, o total da arrecadação corresponde a 12,1% do PIB.

Os dados fazem parte do levantamento "Carga Tributária no Mundo - Um comparativo Brasil X Brics", apresentado nesta quinta-feira (18) pelo sócio do escritório de advocacia Machado-Meyer, Daniel Monteiro Peixoto, durante o seminário Reforma Tributária Possível, realizado na Câmara Americana de Comércio (Amcham).

De acordo com Peixoto, o problema não é o tamanho da carga tributária no Brasil, mas sim a qualidade do uso dos recursos arrecadados. Ainda assim, de acordo com o estudo, o Brasil leva alguma vantagem sobre seus parceiros do Bric, tanto do ponto de vista dos avanços dos instrumentos arrecadatórios, quanto da distribuição dos recursos arrecadados.

"Hoje, reconhecidamente a aparelhagem de arrecadação do Brasil é bem melhor do que a de outros países", diz Peixoto.

No entanto, quando o estudo avalia a simplicidade da estrutura tributária em 183 países, o Brasil consegue ficar em último lugar, bem longe do penúltimo colocado, que é a República dos Camarões, na África. No Brasil, diz o advogado, passam-se dias para o contribuinte conseguir pagar o imposto.

A Índia tem baixa capacidade de arrecadação e isso faz com que o país tenha um déficit fiscal da ordem de 10% em relação ao PIB. No Brasil, que tem uma população de cerca de 185 milhões de habitantes, o número de contribuintes é de 20 milhões, enquanto na India, com 1,1 bilhão de habitantes, há 40 milhões de contribuintes para o Fisco.

Outra grande diferença entre Brasil e Índia aparece nos gastos com assistência previdenciária. No Brasil, os benefícios pagos chegam a 12% do PIB, enquanto na Índia atinge apenas 0,6%. De comum entre os dois países com maior semelhança na estrutura tributária está a tributação dos serviços. Como no Brasil, afirma Peixoto, na Índia é muito difícil distinguir o que é serviço e o que é produto na hora da tributação. Este é um componente a mais, que gera guerra fiscal entre os Estados nos dois países.

"Apesar de o Brasil ter a carga tributária mais elevada entre os Brics, isso não significa que a estrutura seja pior. Mas também não é reflexo de crescimento, já que a Índia tem uma carga tributária menor e também tem apresentado taxas expressivas de crescimento", reitera Peixoto.

Fonte: G1.com.br  e Revista Contábil & Empresarial Fiscolegis, 22 de Novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Empresa do dono do SBT vai processar a empresa de auditoria Deloitte

Grupo Silvio Santos vai processar ex-diretores do Banco Panamericano e a empresa de auditoria Deloitte

O Grupo Silvio Santos informou que vai processar os ex-diretores do Banco Panamericano e a empresa de auditoria responsável pela análise dos balances pelo rombo de R$ 2,5 bilhões na instituição financeira, segundo comunicado publicado neste domingo (14) em jornais de todo o país.

No texto do comunicado, o grupo afirma que, “na qualidade de acionista controlador” do Panamericano, “tendo em vista as irregularidades apontadas pelo Banco Central do Brasil, informa que processará, nas esferas cível e criminal, os ex-Diretores Executivos do Banco e a empresa de auditoria externa contratada para realizar a revisão das demonstrações financeiras do Banco”.

A empresa de auditoria Deloitte, contratada para realizar a revisão das demonstrações financeiras, já havia publicado um comunicado em sua página na internet, no qual afirma estar “à disposição e colaborando com as autoridades constituídas para a devida apuração e esclarecimento dos fatos”.

O Banco Panamericano anunciou na terça-feira (9) que receberá o empréstimo do Grupo Silvio Santos, seu acionista controlador, para equilibrar suas contas. A fonte dos recursos será o FGC (Fundo Garantidor de Crédito), uma reserva guardada pelos bancos brasileiros para garantir crédito a acionistas e clientes em caso de problemas com algum associado.

O Grupo Silvio Santos, por sua vez, deu como garantia de pagamento para o empréstimo todos os seus bens - que inclui, além do próprio banco e do SBT, as lojas do Baú da Felicidade, a marca de cosméticos Jequiti, o Centro Cultural Grupo Silvio Santos, a imobiliária Sisan, a Liderança Capitalização (administradora da Tele-Sena), a Braspag (empresa de pagamentos para e-commerce e call center), o Auto Moto Shopping Vimave (venda de veículos) e o Guarujá Jequitimar (hotel), entre outros. No total, as garantias somam R$ 2,7 bilhões.

Investigação

Na sexta-feira (12), O MPF-SP (Ministério Público Federal de São Paulo) e a Polícia Federal anunciaram a abertura de investigações para apurar eventuais crimes relacionados à crise envolvendo o Banco Panamericano e para acompanhar a fiscalização do Banco Central sobre a instituição financeira.

De acordo com o MPF-SP, os procuradores da República Rodrigo Fraga Leandro de Figueiredo e Anamara Osório Silva serão os responsáveis pela condução de um PIC (Procedimento Investigatório Criminal).

Já a Polícia Federal instaurou um inquérito policial para apurar a eventual prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, dentre eles: gestão fraudulenta, prestação falsa de informações aos órgãos competentes e inserção de elementos falsos em demonstrativos contábeis. O inquérito foi instaurado “tendo em vista o fato relevante divulgado pelo Banco Panamericano”.

A investigação vai ser conduzida pela Delefin (Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros), da Superintendência Regional no Estado de São Paulo.

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários, que fiscaliza o setor financeiro da economia brasileira) divulgou em sua página na internet um comunicado do Panamericano, no qual o banco informa “terem sido constatadas inconsistências contábeis que não permitem que as demonstrações financeiras reflitam a real situação patrimonial da entidade”.

A fraude

A fraude de R$ 2,5 bilhões, que quase levou o banco Panamericano à falência, pode ter começado há três ou quatro anos, segundo investigação do BC.

O Panamericano, que sempre teve como pilar as operações de crédito consignado e de financiamentos de veículos e de imóveis para as classes C e D, vendia carteiras de crédito para outros bancos - entre eles, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e HSBC -, mas não dava baixa no balanço.

Como o banco não levantava os recursos para empréstimos por meio dos depósitos feitos por correntistas, ele vendia parte de suas carteiras, que são como um “pacote” de empréstimos que têm um prazo para ser totalmente devolvido. Como o banco quer o dinheiro no menor tempo possível, ele “vende” o prazo.

Imagine um pacote de empréstimos que vale R$ 10, mas que será devolvido em R$ 1 por ano, ou seja, nos próximos dez anos. Para ter o dinheiro já, o banco vende tudo por R$ 5 agora, embolsa esse dinheiro e quem comprou assume o risco de os outros R$ 5 serem pagos.

O que ocorreu foi que parte dessas carteiras, mesmo já repassada adiante, continuava entre os ativos do banco, sendo considerada como “pronta para ser vendida”. Mas, na verdade, ela não pertencia mais ao banco.

Fonte: O globo on line, 14/11/2010

sábado, 13 de novembro de 2010

Balanço Social --> Ibama multa Natura em R$ 21 milhões por uso ilegal da flora

A questão é: como a Natura divulgará essa informação aos stakeholders?
Provalvemente os advogados da empresa ainda vão recorrer e, pode ser que consigam diminuir o valor da multa (ou talvez até a sua totalidade), mas e aí? qual informação deverá configurar nos demonstrativos financeiros da empresa? Em principio, os investidores atentos ja sabem da informação porque ja está sendo divulgada em diversos meios, mas será que vao se lembrar mais adiante?

Os ATIVOS ambientais as empresas divulgam com bastante voracidade e entusiasmo, mas e os PASSIVOS ambientais? Nesse caso, nao se trata extamente de uma degradação ambiental, está mais para um "atropelo" das formalidade, mas mesmo assim será que irão divulgar uma "provável" perda.
Além disso, a Natura recebeu 64 autos no ultimo 3 dia de novembro, conforme aponta a reportagem o que nao sabemos exatamente do que se tratam.Mas sabemos que a guerra competitiva faz com que essa empresa passe por cima dos verdadeiros donos das Riquezas da Amazonia, lembrando que é preciso da anuência do provedor (seja o governo ou uma comunidade tradicional ou indígena) e um contrato de repartição de benefícios.

Enfim, interpretem como quiserem o artigo abaixo:

O Globo On line, 13/11/2010.

Empresa do candidato a vice de Marina afirma que vai recorrer DE BRASÍLIA O Ibama multou em R$ 21 milhões a Natura, uma das maiores fabricantes nacionais de cosméticos, por usar recursos da biodiversidade brasileira sem autorização.

Segundo o site Ig, as multas fazem parte de um pacote de autuações de R$ 100 milhões, aplicado a várias empresas nacionais e estrangeiras e resultado de investigação do Ministério Público Federal do DF.

A Natura pertence a Guilherme Leal, candidato a vice-presidente na chapa da senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva.

Segundo Rodolfo Guttilla, diretor de Assuntos Corporativos da Natura, a empresa recebeu 64 autos de infração no último dia 3 e vai recorrer.

Guttilla diz que as multas se devem a "entendimentos diferentes" sobre o processo de autorização para acesso a recursos genéticos.

O tema é regulado por uma Medida Provisória de 2001, que foi alvo de críticas dos cientistas, mas que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) nunca conseguiu alterar.

Pela regra atual, qualquer acesso a espécies da fauna e da flora brasileiras para pesquisa depende de uma autorização prévia do CGen (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético).

Para um produto ser colocado no mercado, é preciso além disso a anuência do provedor (seja o governo ou uma comunidade tradicional ou indígena) e um contrato de repartição de benefícios.

A Natura diz que 100% de seus produtos têm repartição de benefícios. Mas diz que não pode esperar dois anos por uma autorização de pesquisa do CGen. "Dois anos é o ciclo de vida de um produto no mercado", diz Guttilla.

A situação, diz, ficou mais grave em 2007, quando o conselho, ligado ao MMA, suspendeu a análise dos pedidos de pesquisa da Natura.

Uma das 64 multas se refere à pesquisa de aromas de uma planta coletada dentro da fazenda da Natura em Cajamar (interior paulista).

"Estão extrapolando os limites da racionalidade econômica", reclamou.

Procurado pela Folha no começo da noite de ontem, o Ibama não se manifestou. A assessoria de imprensa do órgão afirmou que não conseguiria localizar ninguém para comentar o caso, por ser sexta-feira à noite.

O presidente do CGen, Bráulio Dias, também não pôde ser localizado até o fechamento desta edição.
 
Fonte: Globo On line, 13/11/2010.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ENSINO DE CONTABILIDADE ESTRATÉGICA: AS PRÁTICAS ABORDADAS POR LIVROS BRASILEIROS E INTERNACIONAIS

Resumo: A contabilidade estratégica é uma área emergente no cenário nacional e internacional e não há um consenso sobre como esta área poderia ser desenvolvida no Brasil. Assim, partindo da premissa de que no cenário internacional o termo é mais estudado que no Brasil, este estudo tem como objetivo: 1) aprofundar o conhecimento sobre o tema; 2) verificar em alguns livros de Custos, de Contabilidade Gerencial e de Controladoria o que vem sendo abordado em termos de práticas consideradas como Práticas de Contabilidade Estratégica; e 3) comparar a freqüência da abordagem destas práticas nos livros nacionais e internacionais em cada disciplina e no seu conjunto. Para a coleta de dados foram analisados os 57 livros sobre o assunto, levando em consideração a classificação dos livros mais vendidos por uma grande rede de livrarias. Os resultados mostraram que nenhum livro aborda a totalidade das práticas de Contabilidade Estratégica sendo que apenas algumas delas são abordadas nesses livros. Os livros de Contabilidade de Custos apresentaram maior quantidade de abordagens que os de outras áreas e, na comparação entre os livros Nacionais e Internacionais, as práticas foram encontradas com maior freqüência nestes do que naqueles.

Palavras-chave: Ensino, Contabilidade estratégica, Controladoria, Práticas de contabilidade estratégica.


STRATEGIC ACCOUNTING EDUCATION: PRACTICES ADDRESSED BY BRAZILIAN BOOKS AND INTERNATIONAL

Abstract: Strategic Accounting is an emerging field in both national and international scenario and there is no agreement about how this field could be developed in Brazil. Based on the understanding that the term is studied more in the international scenario than in Brazil, this study aims to: 1) increase knowledge on the subject, 2) verify in Cost Accounting, Management Accounting and Controlling literature what is being considered as Strategic Accounting Practices, and 3) compare the frequency with which these practices are broached in national and international literature in each area of study and in the area of study as a whole. For the data collection procedure, 57 books related to the issue were analyzed, taking into consideration the bestselling books of a large bookstore network. The results presented that none of the books selected for this study addressed the totality of Strategic Accounting Practices and only some of these practices have been addressed on each of them. There are more references to the subject in the Cost Accounting books than in the others and, comparing both National and International publications, National books provide more information in terms of practices than the International publications.

Keywords: Education, Strategic Accounting, Controllership, Strategic Accounting Practices.




Publicado na RIC - Revista de Informação Contábil, Vol. 4, No 3 (2010)

Autores:

-Aracéli Cristina Sousa Ferreira - Doutora em Controladoria e Contabilidade pela USP, araceli@facc.ufrj.br

-Alessandro Pereira Alves - Mestrando em Ciências Contábeis pela UFRJ, alessandropalves@yahoo.com

- Tatiane Gomes Silva - Mestranda em Ciências Contábeis pela UFRJ, tatianegsilva@gmail.com