segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Empresa do dono do SBT vai processar a empresa de auditoria Deloitte

Grupo Silvio Santos vai processar ex-diretores do Banco Panamericano e a empresa de auditoria Deloitte

O Grupo Silvio Santos informou que vai processar os ex-diretores do Banco Panamericano e a empresa de auditoria responsável pela análise dos balances pelo rombo de R$ 2,5 bilhões na instituição financeira, segundo comunicado publicado neste domingo (14) em jornais de todo o país.

No texto do comunicado, o grupo afirma que, “na qualidade de acionista controlador” do Panamericano, “tendo em vista as irregularidades apontadas pelo Banco Central do Brasil, informa que processará, nas esferas cível e criminal, os ex-Diretores Executivos do Banco e a empresa de auditoria externa contratada para realizar a revisão das demonstrações financeiras do Banco”.

A empresa de auditoria Deloitte, contratada para realizar a revisão das demonstrações financeiras, já havia publicado um comunicado em sua página na internet, no qual afirma estar “à disposição e colaborando com as autoridades constituídas para a devida apuração e esclarecimento dos fatos”.

O Banco Panamericano anunciou na terça-feira (9) que receberá o empréstimo do Grupo Silvio Santos, seu acionista controlador, para equilibrar suas contas. A fonte dos recursos será o FGC (Fundo Garantidor de Crédito), uma reserva guardada pelos bancos brasileiros para garantir crédito a acionistas e clientes em caso de problemas com algum associado.

O Grupo Silvio Santos, por sua vez, deu como garantia de pagamento para o empréstimo todos os seus bens - que inclui, além do próprio banco e do SBT, as lojas do Baú da Felicidade, a marca de cosméticos Jequiti, o Centro Cultural Grupo Silvio Santos, a imobiliária Sisan, a Liderança Capitalização (administradora da Tele-Sena), a Braspag (empresa de pagamentos para e-commerce e call center), o Auto Moto Shopping Vimave (venda de veículos) e o Guarujá Jequitimar (hotel), entre outros. No total, as garantias somam R$ 2,7 bilhões.

Investigação

Na sexta-feira (12), O MPF-SP (Ministério Público Federal de São Paulo) e a Polícia Federal anunciaram a abertura de investigações para apurar eventuais crimes relacionados à crise envolvendo o Banco Panamericano e para acompanhar a fiscalização do Banco Central sobre a instituição financeira.

De acordo com o MPF-SP, os procuradores da República Rodrigo Fraga Leandro de Figueiredo e Anamara Osório Silva serão os responsáveis pela condução de um PIC (Procedimento Investigatório Criminal).

Já a Polícia Federal instaurou um inquérito policial para apurar a eventual prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, dentre eles: gestão fraudulenta, prestação falsa de informações aos órgãos competentes e inserção de elementos falsos em demonstrativos contábeis. O inquérito foi instaurado “tendo em vista o fato relevante divulgado pelo Banco Panamericano”.

A investigação vai ser conduzida pela Delefin (Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros), da Superintendência Regional no Estado de São Paulo.

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários, que fiscaliza o setor financeiro da economia brasileira) divulgou em sua página na internet um comunicado do Panamericano, no qual o banco informa “terem sido constatadas inconsistências contábeis que não permitem que as demonstrações financeiras reflitam a real situação patrimonial da entidade”.

A fraude

A fraude de R$ 2,5 bilhões, que quase levou o banco Panamericano à falência, pode ter começado há três ou quatro anos, segundo investigação do BC.

O Panamericano, que sempre teve como pilar as operações de crédito consignado e de financiamentos de veículos e de imóveis para as classes C e D, vendia carteiras de crédito para outros bancos - entre eles, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e HSBC -, mas não dava baixa no balanço.

Como o banco não levantava os recursos para empréstimos por meio dos depósitos feitos por correntistas, ele vendia parte de suas carteiras, que são como um “pacote” de empréstimos que têm um prazo para ser totalmente devolvido. Como o banco quer o dinheiro no menor tempo possível, ele “vende” o prazo.

Imagine um pacote de empréstimos que vale R$ 10, mas que será devolvido em R$ 1 por ano, ou seja, nos próximos dez anos. Para ter o dinheiro já, o banco vende tudo por R$ 5 agora, embolsa esse dinheiro e quem comprou assume o risco de os outros R$ 5 serem pagos.

O que ocorreu foi que parte dessas carteiras, mesmo já repassada adiante, continuava entre os ativos do banco, sendo considerada como “pronta para ser vendida”. Mas, na verdade, ela não pertencia mais ao banco.

Fonte: O globo on line, 14/11/2010

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