terça-feira, 31 de março de 2009

TAM fecha 2008 com forte prejuízo

Valor Online
31/03/2009 SÃO PAULO


A TAM encerrou 2008 com prejuízo líquido de R$ 1,336 bilhão, invertendo a direção tomada um ano antes, de lucro de mais de R$ 460 milhões. Os números foram apresentados conforme práticas contábeis americanas (US GAAP).
Respeitando esse mesmo padrão contábil, a receita operacional líquida passou de R$ 8,131 bilhões em 2007 para R$ 10,547 bilhões nos 12 meses seguintes.
Somente nos três últimos meses de 2008, a TAM perdeu R$ 1,122 bilhão em uma base líquida. Em igual intervalo do exercício antecedente, apresentou lucro líquido de R$ 118,5 milhões.
(Valor Online)

sexta-feira, 27 de março de 2009

Jogo Simula criação de uma empresa

27/03/2009
UOL


São Paulo - Mercado Virtual, criado pela Unesp, apoia ensino na área de gestão e contabilidade. Pesquisadores da Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram um jogo de computador que simula a criação de uma empresa.Chamado Mercado Virtual, o game foi idealizado para apoiar o ensino em áreas como gestão de empresas, gestão da produção, contabilidade e processo competitivo de mercado, tanto para alunos de cursos de graduação, pós-graduação ou atualização profissional.O Mercado Virtual foi feito para ser usado em laboratórios com internet e pode ajudar em aulas presenciais ou para educação à distância. Além de ajudar no ensino, a ferramenta é um objeto de estudo na Unesp, que analisará o comportamento dos alunos/jogadores em suas tomadas de decisões, como tamanho de sua empresa, número de equipamentos adquiridos ou de funcionários contratados.O ranking é formado pela análise de cinco indicadores: lucro da jogada, lucro acumulado, participação de mercado, investimento e endividamento. Ganha quem melhor combinar esses fatores. Mais informações sobre o jogo estão no site do Mercado Virtual.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Aumenta procura por serviços de tecnologia e RH


Vanessa Dezem,
Valor Online, de São Paulo26/03/2009

Anna Carolina Negri/Valor
"O número de clientes mais que duplicou neste início do ano", diz Carvalho, da Alog
Negócios em expansão, contratação de funcionários, inauguração de praças, ampliação de investimentos. Com a crise internacional, tudo isso ficou no passado para boa parte das companhias, mas não para fornecedores de serviços terceirizados. Empresas das áreas de tecnologia e recursos humanos vêm registrando aumento de demanda impulsionadas pela necessidade das companhias de cortar custos.
"De uma forma geral, percebemos um aumento da demanda pelos serviços de terceirização da área de RH que vai de 30% a 35% no primeiro bimestre deste ano, ante o mesmo período do ano passado", afirma Renato Morelli, diretor de marketing da Associação Brasileira de Provedores de Outsourcing de RH (ABPO). Ele explica que as empresas fornecedoras têm ganhos de escala, por trabalharem com muitas companhias. "O custo de trabalho das nossas empresas é diluído, o que permite que elas repassem esse ganho para seus clientes, que não conseguiriam ter, sozinhos, essa vantagem", enfatiza.
Alexandre de Botton, diretor da Propay, que atua no segmento de RH, conta que registrou uma alta de 15% no total de contratos fechados nos últimos dois meses, em relação ao ano passado. O Grupo Soma, que fornece serviços na mesma área, viu os pedidos de orçamento crescerem 10% no último trimestre, em relação aos três meses anteriores. "Não esperávamos esse aumento, mas com a crise, estamos indo bem. Parece que as pessoas começaram a dizer: como eu não vi isto antes?", afirma Arlindo Felipe Júnior, diretor da empresa.
O momento é realmente oportuno para as fornecedoras de serviços de terceirização, explica a professora de macroeconomia da PUC-SP Márcia Flaire Pedroza. Segundo ela, ao delegar os processos "meio" a terceiros e se atentar mais para seu negócio "fim", as companhias podem obter ganhos de produtividade e se defender melhor do aumento de competitividade que um ambiente mais restritivo impõe. "Na crise, os poucos investimentos possíveis devem ser feitos nos lugares certos", afirma.
A área de tecnologia é uma das que registram bastante procura em processos de terceirização. A Alog Hosting, que trabalha com armazenamento e gerenciamento de banco de dados, por exemplo, faturou 22% mais em janeiro, em relação a igual mês de 2008 - a receita subiu de R$ 162 mil para R$ 198 mil. "O número de clientes mais que duplicou neste início do ano", afirma Eduardo Carvalho, diretor comercial da empresa. Diante dos resultados, a companhia, que emprega 290 pessoas, vai contratar. "Até nos surpreendemos, pois enquanto todo mundo está demitindo, abrimos 20 vagas em São Paulo e no Rio de Janeiro", diz.
A IT Group, fornecedora de serviços gerenciados de tecnologia, existe há sete anos, mas nunca observou melhor desempenho do que nos últimos quatro meses. "Os clientes estão mais aptos a receber propostas de novos e pequenos fornecedores, coisa que não acontecia antes", afirma José Marcelino Bersch, diretor de negócios da empresa. No segundo semestre de 2008, as receitas cresceram 50%.
A TCI, que realiza a automação de processos, também acumula bons resultados. A companhia teve um crescimento de 60% no faturamento do ano passado, frente a 2007, sendo que 40% desse acréscimo se deu no segundo semestre.
Uma vantagem que as empresas buscam na terceirização é a maior flexibilidade para ajustar sua estrutura operacional a novos níveis de demanda. O economista Jaci Corrêa Leite, professor da Fundação Getúlio Vargas - EAESP, explica que, em momentos mais arriscados, é mais fácil ajustar os contratos de terceirização, do que alterar os processos dentro da própria empresa. Ele acrescenta ainda que a demanda maior por esses serviços mostra que as empresas estão se preparando para uma crise mais duradoura. "Ninguém muda sua estrutura, delegando a responsabilidade de uma área inteira, acreditando que essa é apenas uma situação passageira. As mudanças geradas por um processo de terceirização são fortes e estratégicas, e perduram no longo prazo", diz.
Apesar de ter se acentuado, a procura das empresas por serviços terceirizados não é nova. Nos últimos anos, as companhias têm se mostrado mais receptivas a ceder áreas para a administração terceirizada. "O trauma sofrido na década de 80, quando houve uma febre de terceirizações mal feitas, para as quais nem as empresas fornecedoras nem as que terceirizavam estavam preparadas, passou. Hoje o movimento de terceirização vem de forma mais estruturada", diz a especialista Márcia Pedroza.
Mas há quem veja desvantagem na intensificação da terceirização no mercado brasileiro. "A fornecedora não conhece com profundidade os negócios da empresa para qual ela presta serviços, o que pode acarretar, ao invés de ganho, perda de qualidade", afirma o professor de macroeconomia da ESPM José Eduardo Balian.
A advogada Maria Cristina Machado, que é consultora na área de outsourcing, alerta ainda para os riscos legais. Ela explica que a empresa pode ser responsável pelos direitos dos funcionários terceirizados no caso de não cumprimento da lei trabalhista por parte da fornecedora. "No Brasil, ainda não há uma legislação específica para a terceirização", diz. "Para diminuir os riscos, as empresas devem ficar atentas aos contratos de terceirização, além de controlar no dia-a-dia as funções desses funcionários, para garantir a falta de vínculo (empregatício)". Na opinião da advogada, a falta de flexibilidade da legislação é antiquada. "Os empecilhos da lei com relação à terceirização se mostram contraditórios e retrógrados, dadas as necessidades que a economia globalizada está desenhando", diz.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Mercosul Digital pode estimular negócios


Gustavo Brigatto, de São Paulo25/03/2009

As companhias brasileiras podem ganhar, nos próximos meses, acesso facilitado aos consumidores dos países vizinhos. Desde fevereiro está em funcionamento um projeto batizado de Mercosul Digital, criado para ajudar na integração tecnológica entre os países do bloco.
"As empresas [de todos os países envolvidos] ganham três novos mercados", diz Gerson Rolim, diretor executivo da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Câmara e-net) e responsável no Brasil por essa vertente do projeto.
A vantagem para os empresários brasileiros é que o comércio eletrônico é muito mais desenvolvido no país do que nos demais mercados da região. O projeto pode beneficiar, em particular, um grande número de pequenas e médias empresas, que ganhariam acesso ao exterior com custo relativamente baixo.
"No Brasil, 90% das compras on-line são feitas por brasileiros em sites brasileiros. No resto da América Latina, 40% das compras são feitas no eBay e na Amazon", comenta Rolim. Dados de 2007 sobre vendas on-line na região indicam um montante de US$ 10,9 bilhões, com o Brasil representando 44,9% do total e a Argentina, 7,5%. Paraguai e Uruguai entraram no bloco de "outros", com 1,9% do total.
Sandra Turchi, superintendente de marketing da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), diz acreditar que o Mercosul Digital ajudará a quebrar barreiras que os pequenos e médios empresários têm na hora de pensar em abrir uma loja na internet ou exportar seus produtos. "Não são atividades só para grandes empresas", diz ela.
Apesar dos benefícios previstos para o comércio eletrônico, o foco da iniciativa é bem mais amplo. O Mercosul Digital entrou em funcionamento oficialmente em 13 de fevereiro e prevê investimentos de ? 9,6 milhões em iniciativas educacionais e de troca de informações para reduzir as 'assimetrias tecnológicas' existentes entre os quatro países do bloco.
"Quero poder mandar um documento para o outro país e que ele tenha validade jurídica usando uma assinatura eletrônica", diz Rogério Vianna, assessor do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e membro do grupo de trabalho do Mercosul que discute o tema.
Segundo Vianna, na área de assinaturas digitais estão previstas iniciativas para discussão de um marco regulatório comum e a implantação de uma infraestrutura de chaves públicas em cada país (necessárias para a certificação digital), usando o conhecimento gerado no Brasil.
Para facilitar as transações on-line e o comércio eletrônico está prevista a criação de centros logísticos de entrega de mercadorias entre os países. Outra medida em estudo é a promoção conjunta, no mercado internacional, de um produto comum entre os países do bloco.
A integração tecnológica entre os países da região começou a ser discutida em 1998 com a criação de um subgrupo de trabalho (SGT) no Mercosul. Em 2006, o projeto ganhou contornos mais específicos. O Mercosul Digital conta com um aporte de ? 7 milhões da Comissão Europeia. Segundo Vianna, do MCT, a cooperação entre os dois blocos nessa área vem sendo discutida desde 2004.
Dos outros ? 2,6 milhões , cerca de 50% serão aportados pelo MCT na forma de recursos humanos para gestão e realização das iniciativas previstas no acordo. Entre 25% e 30% do orçamento total de ? 9,6 milhões irão para a criação de uma escola virtual que oferecerá cursos com formação semelhante à de um mestrado nos temas da sociedade da informação, diz Vianna. Está prevista a instalação de uma unidade por país para capacitar mais de mil profissionais nos próximos 36 meses, período de duração do Mercosul Digital. Segundo Rolim, da Câmara e-net, os recursos começam a chegar em maio.

Fonte: valor economico on line, empresas.

terça-feira, 24 de março de 2009

"Modelo sueco" seduz vítimas da crise

Peter Thal Larsen e Chris Giles,
Financial TIMES
24/03/2009

Stefan Ingves, presidente do Riksbank: "não há nada de sueco nesse modelo"
Em tempos mais tranquilos, Estocolmo não seria um destino óbvio para formuladores de políticas econômicas desejosos de melhorar sua compreensão do sistema financeiro. A capital de uma pequena economia que fica na periferia da Europa normalmente passa a maior parte de seu tempo respondendo a eventos cujas origens estão em outros lugares.
Mesmo assim, no último ano um número crescente de visitantes de renome vem atravessando as portas giratórias do imponente bloco de granito preto na praça Brunkebergstorg que abriga o Riksbank, o banco central sueco. Missão: descobrir se a resposta da Suécia à crise que abalou seu sistema financeiro em 1992 pode oferecer lições que ajudem a lidar com a atual recessão global.
Especialmente nos Estados Unidos, políticos e comentaristas econômicos vêm demonstrando entusiasmo pelo que se tornou conhecido como o "modelo sueco" de lidar com bancos em situação de falência. Ele passou a ser visto como padrão para a resolução rápida de problemas por meio de nacionalização e transferência de ativos tóxicos para "bancos ruins". Para comentaristas de direita, isso se tornou uma metáfora para escapar do planejamento central.
O presidente Barack Obama já indicou preferir uma abordagem ligeira ao estilo sueco à resposta japonesa a seus problemas bancários da década de 1990, que contribuíram para uma "década perdida" no crescimento econômico.
Bo Lundgren, diretor da secretaria do governo sueco encarregada da dívida, que esteve entre os que trabalharam para resolver os problemas no setor bancário de seu país, esteve em Washington na semana passada para falar sobre sua experiência ao Comitê de Supervisão do Congresso. Matthew Richardson e Nouriel Roubini, professores da Stern Business School da Universidade de Nova York, declararam recentemente: "Somos todos suecos agora".
A realidade não é tão simples. Entrevistas com várias pessoas envolvidas no plano de socorro sueco sugerem que há alguns paralelos com a crise atual. Há também diferenças importantes.
"Não há nada sueco no que as pessoas chamam de modelo sueco", afirma Stefan Ingves, presidente do Riksbank. Ingves era funcionário do Ministério das Finanças no começo da década de 1990 e comandava a Bank Support Authority, a agência que a Suécia criou para resolver sua crise. "O que fizemos foi montar a coisa, mas não inventamos a roda - usamos o conhecimento que pudemos adquirir em outras partes do mundo."
Os visitantes também são assegurados de que não chegaram tarde demais; a Suécia começou a levar a sério sua crise somente dois anos após pacotes de apoio aos bancos individuais e pontuais, entre 1990 e 1992. Àquela altura, diz Ingves "tínhamos uma série de casos específicos e percebemos que como eles tendiam a voltar, era difícil acertar na primeira vez". Foi somente na metade de 1992, quando o país nacionalizou o Nordbanken, que Ingves afirma que "cresceu um sentimento de que a crise bancária mais ampla poderia fugir do controle".
Então, funcionários do governo, pensando em um plano para ganhar tempo, elaboraram um programa para contemplar todo o sistema, que pudesse ser aplicado a todos os bancos. Em setembro de 1992, o governo anunciou uma garantia para todos os credores dos bancos, fora acionistas, junto com uma reestruturação mais ampla.
Naquele momento já se tinha seis meses de planejamento. Ao contrário do plano de socorro aos ativos problemáticos dos Estados Unidos, as autoridades suecas decidiram não estabelecer um número ao tamanho da garantia. "Se você escolhe um número pequeno, as pessoas vão dizer que não será suficiente; se você escolhe um número muito alto, elas vão dizer 'oh, é esse o problema?'", observa Ingves.
A Bank Support Authority que ele iria comandar, estava autorizada a oferecer apoio a qualquer banco que pedisse ajuda, mas sob condições rígidas. Todos os bancos em busca de ajuda tinham que se submeter a um exame detalhado de sua contabilidade - e, se necessário, uma injeção em capital do governo. As autoridades nacionalizaram só dois bancos: o Nordbanken, que já era controlado pelo Estado, e o Götabanken. Cooperativas e bancos de poupança foram fundidos, mas outros bancos privados só elevaram o capital.
Arne Bergren, funcionário do Ministério das Finanças responsável pela reestruturação bancária, é sincero em relação à abordagem que adotou. Estava claro desde o princípio que o governo iria agir como investidor comercial, exigindo participações acionárias em troca de capital. "Éramos um investidor que não queria lenga-lenga - éramos brutais", diz ele. As autoridades também insistiram na questão do controle. "Você assume o comando. Se você injeta capital, precisa entrar na administração do negócio, caso contrário a administração estará concentrada em salvar a pele dos acionistas privados remanescentes."
Dag Detter, que supervisionou todos os empreendimentos estatais suecos na metade da década de 1990, diz que é importante que as companhias sejam administradas com objetivos comerciais, estejam isoladas das interferências políticas e sejam transparentes, para que a confiança do público e do mercado se mantenha. "Se qualquer um desses três princípios for ignorado, os contribuintes vão sofrer, junto com ativos comerciais sob controle do Estado."
Assim que o governo assumiu o controle dos dois bancos, ele transferiu seus ativos problemáticos para "bancos ruins" separados. Um ponto básico nesta decisão foi o reconhecimento de que a administração dos bons e dos maus empréstimos exige habilidades fundamentalmente diferentes. "Os banqueiros querem manter seus clientes. É assim que você define o sucesso", diz Ingves. "Se você está tocando um 'banco ruim', o sucesso é se livrar de seus clientes- e isso significa que você precisa ter uma mentalidade diferente quando lida com esses problemas."
Os bancos privados também foram encorajados a colocar os empréstimos ruins em entidades separadas. No entanto, em contraste com a discussão recente nos EUA, as autoridades nunca contemplaram a remoção dos ativos ruins desses bancos. "Nos recusamos a comprar ativos dos bancos privados porque seria impossível para nós chegar a um acordo quanto aos preços e nunca estivemos no negócio de conceder subsídios a bancos privados", diz Ingves.
Isso significa que EUA, Reino Unido e outros países que comprometeram vastas somas de dinheiro para garantir ativos ruins, na contabilidade de bancos que continuam pelo menos parcialmente em mãos privadas, perderam o rumo? Ingves é educado demais para dizer isso, mas não há dúvidas em sua mente sobre quem vai pagar a conta: "Como você define as perdas entre o setor público e os antigos acionistas? Isso é um julgamento de valor, um julgamento político", diz ele.
Mas apesar de todas as potenciais lições, muitos fatores sugerem que a experiência sueca é um guia imperfeito para a navegação na crise atual.
Em primeiro lugar, o sistema bancário sueco era relativamente pequeno. Quando o governo emitiu suas garantias, as obrigações totais dos bancos representavam pouco mais que um ano do PIB sueco. Como resultado, as garantias eram mais confiáveis do que seriam hoje, quando os sistemas bancários de países pequenos como a Irlanda são muitas vezes maiores que suas economias. "Ninguém questionou a credibilidade do governo da Suécia", diz Gabriel Urwitz, que foi presidente-executivo do Götabanken até pouco antes dele ser nacionalizado. "Eles emitiram as garantias e o resto do mundo as aceitou."
Outra diferença é que em 1992 os bancos suecos eram mais simples que as grandes e complexas instituições financeiras atuais. Os ativos ruins consistiam principalmente de empréstimos a projetos imobiliários comerciais que entraram em default quando as taxas de juros subiram e o país entrou em recessão. O resultado foi que os bancos ficaram com portfólios de hotéis e prédios comerciais como o London Ark, uma construção que é um marco arquitetônico e recebe os visitantes que se encaminham do aeroporto de Heathrow para o centro de Londres - mas não títulos lastreados em hipotecas, derivativos ou outros instrumentos de dívida complexos. Mesmo assim, as autoridades levaram seis meses para concluir um exame da contabilidade dos bancos.
Em terceiro lugar, o socorro foi conduzido em meio a um consenso político. Quando o Ministério das Finanças delineou as garantias em setembro de 1992, ele não tinha poder legal para isso; a legislação necessária só foi aprovada meses depois. A apoio do principal partido de oposição, o Social Democrata, permitiu ao governo agir como se a lei já estivesse implementada. Isso contrasta com os EUA, onde os Republicanos do Congresso provocaram turbulências no mercado em setembro, quando rejeitaram inicialmente o plano de ajuda aos ativos problemáticos.
Mesmo assim, a parte mais importante do socorro bancário na Suécia pode ter sido a desvalorização da coroa, uma medida que o governo não queria tomar. Em novembro de 1992, as autoridades desistiram de defender a moeda, permitindo sua livre flutuação. Esta decisão, que coincidiu com um aquecimento da economia na Europa, provavelmente deu à Suécia um empurrão, estimulando a demanda por exportações. Seja qual for a razão, o PIB voltou a crescer no segundo trimestre de 1993.
Se o consenso político teria sido mantido na eventualidade de uma desaceleração prolongada, é algo aberto a discussões. Mesmo os arquitetos do socorro bancário não têm certeza sobre a influência que suas ações tiveram. "Nosso objetivo foi minimizar o custo econômico e reduzir a duração da crise", afirma Berggren. "Talvez fossemos bem sucedidos. Jamais saberemos."
Se a experiência sueca pode fornecer hoje algumas pistas para os estressados formuladores de políticas econômicas, a postura subsequente do país oferece uma lição sobre o que não fazer. As autoridades contiveram a crise, mas falharam visivelmente ao não implementarem reformas de longo prazo para ajudar a evitar problemas parecidos no futuro. "O modelo regulador que implementamos no começo dos anos 1990 tinha prazo definido. Então o prazo acabou", diz Ingves. "Os políticos acharam que 'isso não vai acontecer outra vez'", afirma Staffan Viotti, um assessor de Ingves e professor-adjunto da Stockholm School of Economics.
Durante o boom de crédito recente, os bancos suecos embarcaram em outro ímpeto de crescimento, ampliando seus empréstimos através da Escandinávia e especialmente nos países bálticos, onde os bancos suecos respondem por uma grande parcela do sistema bancário. Então, quando a crise financeira explodiu, o governo sueco foi mais uma vez forçado a agir, prometendo garantir até US$ 205 bilhões em empréstimos bancários, ao mesmo tempo que estabeleceu um fundo de 15 bilhões de coroas (US$ 1,8 bilhão) para investir nos bancos. Três dos quatro maiores bancos suecos, incluindo o Nordea - criado em parte do ex-Nordbanken - levantaram capital novo. Em resposta à nova crise, a legislação foi acelerada, depois de ser ignorada por 16 anos.
Enquanto deixam o Riksbank em direção ao aeroporto Arlanda, de Estocolmo, os banqueiros centrais e formuladores de políticas econômicas visitantes podem refletir que talvez a lição mais importante é aquela que os próprios suecos não aprenderam.

sábado, 21 de março de 2009

Tribunal de Impostos e Taxas do SP julga perda de notas por incêndios.

VALOR ECONÔMICO - LEGISLAÇÃO & TRIBUTOS

O pleno do Tribunal de Impostos e Taxas (TIT) do Estado de São Paulo - corte administrativa que julga autuações fiscais sofridas pelos contribuintes - decidiu recentemente se o contribuinte pode ser autuado pela Fazenda do Estado quando há a perda de documentos fiscais em razão de incêndios. O pleno - ou as chamadas câmaras reunidas - analisou diversos autos de infração sofridos por duas empresas de grupos distintos, mas que passaram por situações semelhantes. Nos dois casos, os locais onde eram armazenados os documentos fiscais das empresas foram afetados por incêndios. Parte das notas fiscais foram perdidas e os contribuintes não conseguiram comprovar a origem de determinadas operações tributárias. Por esse motivo, foram autuadas pela Fazenda. Nos dois casos, o TIT liberou os contribuintes do pagamento de multa, negando o recurso da Fazenda. O tribunal considerou que as empresas agiram de boa-fé, pois elas próprias espontaneamente buscaram o fisco e comunicaram a ocorrência do incêndio e se dispuseram a reconstituir suas escritas em tempo razoável. Apesar da concessão de um prazo mais amplo pelo fisco para a recuperação dos documentos, as empresas não conseguiram recompô-los integralmente, ainda que buscassem todos os seus fornecedores. Além disso, os juízes do TIT analisaram o passado das empresas antes da ocorrência dos incêndios, que não registravam autuações em período anterior. O presidente do TIT, José Paulo Neves, afirma que apesar de serem julgados do pleno, os casos são específicos e as decisões foram baseadas em provas. Por esse motivo, segundo ele, o entendimento não necessariamente será aplicado a todos os casos que abordem o tema. Zínia Baeta, de São Paulo

sábado, 7 de março de 2009

HISTÓRIA DA CONTABILIDADE


Compilação: Júlio César Zanluca


A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da civilização. Está ligada às primeiras manifestações humanas da necessidade social de proteção à posse e de perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos com o objeto material de que o homem sempre dispôs para alcançar os fins propostos.
Deixando a caça, o homem voltou-se à organização da agricultura e do pastoreio. A organização econômica acerca do direito do uso do solo acarretou em separatividade, rompendo a vida comunitária, surgindo divisões e o senso de propriedade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza individual.
Ao morrer, o legado deixado por esta pessoa não era dissolvido, mas passado como herança aos filhos ou parentes. A herança recebida dos pais (pater, patris), denominou-se patrimônio. O termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados.
A origem da Contabilidade está ligada a necessidade de registros do comércio. Há indícios de que as primeiras cidades comerciais eram dos fenícios. A prática do comércio não era exclusiva destes, sendo exercida nas principais cidades da Antiguidade.
A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o acompanhamento das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As trocas de bens e serviços eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre o fato. Mas as cobranças de impostos, na Babilônia já se faziam com escritas, embora rudimentares. Um escriba egípcio contabilizou os negócios efetuados pelo governo de seu país no ano 2000 a.C.

À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores, preocupava-lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar as suas posses; tais informações não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo registros.

Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos primeiros registros a fim de que pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc.

Com o surgimento das primeiras administrações particulares aparecia a necessidade de controle, que não poderia ser feito sem o devido registro, a fim de que se pudesse prestar conta da coisa administrada.
É importante lembrarmos que naquele tempo não havia o crédito, ou seja, as compras, vendas e trocas eram à vista. Posteriormente, empregavam-se ramos de árvore assinalados como prova de dívida ou quitação. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de informações sobre negócios.
A medida em que as operações econômicas se tornam complexas, o seu controle se refina. As escritas governamentais da República Romana (200 a.C.) já traziam receitas de caixa classificadas em rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salários, perdas e diversões.
No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram introduzidas por governos locais e pela igreja. Mas é somente na Itália que surge o termo Contabilitá.
Podemos resumir a evolução da ciência contábil da seguinte forma:


CONTABILIDADE DO MUNDO ANTIGO - período que se inicia com as primeiras civilizações e vai até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Liber Abaci , da autoria Leonardo Fibonaci, o Pisano.


CONTABILIDADE DO MUNDO MEDIEVAL - período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494, quando apareceu o Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca Paciolo, publicado em 1494, enfatizando que à teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos, obra que contribuiu para inserir a contabilidade entre os ramos do conhecimento humano.


CONTABILIDADE DO MUNDO MODERNO - período que vai de 1494 até 1840, com o aparecimento da Obra "La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private e Pubbliche" , da autoria de Franscesco Villa, premiada pelo governo da Áustria. Obra marcante na história da Contabilidade.


CONTABILIDADE DO MUNDO CIENTÍFICO - período que se inicia em 1840 e continua até os dias de hoje.


PERÍODO ANTIGO
A contabilidade empírica, praticada pelo homem antigo, já tinha como objeto o Patrimônio, representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos quantitativos.
Os primeiros registros processaram-se de forma rudimentar, na memória do homem. Como este é um ser pensante, inteligente, logo encontrou formas mais eficientes de processar os seus registros, utilizando gravações e outros métodos alternativos.
O inventário exercia um importante papel, pois a contagem era o método adotado para o controle dos bens, que eram classificados segundo sua natureza: rebanhos, metais, escravos, etc. A palavra "Conta" designa o agrupamento de itens da mesma espécie.
As primeiras escritas contábeis datam do término da Era da Pedra Polida, quando o homem registrava os seus primeiros desenhos e gravações.
Os primeiros controles eram estabelecidos pelos templos, o que perdurou por vários séculos.
Os suméricos e babilônicos, assim como os assírios, faziam os seus registros em peças de argila, retangulares ou ovais, ficando famosas as pequenas tábuas de Uruk, que mediam aproximadamente 2,5 a 4,5 centímetros, tendo faces ligeiramente convexas.
Os registros combinavam o figurativo com o numérico. Gravava-se a cara do animal cuja existência se queria controlar e o numero correspondente às cabeças existentes.
Embora rudimentar, o registro, em sua forma, assemelhava-se ao que hoje se processa. O nome da conta, "Matrizes" , por exemplo, substituiu a figura gravada, enquanto o aspecto numérico se tornou mais qualificado, com o acréscimo do valor monetário ao quantitativo. Esta evolução permitiu que, paralelamente à "Aplicação", se pudesse demonstrar, também, a sua "Origem" .
Na cidade de Ur, na Caldéia, onde viveu Abraão, personagem bíblico citado no livro Gênesis, encontram-se, em escavações, importantes documentos contábeis: tabela de escrita cuneiforme, onde estão registradas contas referentes á mão-de-obra e materiais, ou seja, Custos Diretos. Isto significa que, há 5.000 anos antes de Cristo, o homem já considerava fundamental apurar os seus custos.
O Sistema Contábil é dinâmico e evoluiu com a duplicação de documentos e "Selos de Sigilo". Os registros se tornaram diários e, posteriormente, foram sintetizados em papiros ou tábuas, no final de determinados períodos. Sofreram nova sintetização, agrupando-se vários períodos, o que lembra o diário, o balancete mensal e o balanço anual.
Já se estabelecia o confronto entre variações positivas e negativas, aplicando-se, empiricamente, o Princípio da Competência. Reconhecia-se a receita, a qual era confrontada com a despesa.
Os egípcios legaram um riquíssimo acervo aos historiadores da Contabilidade, e seus registros remontam a 6.000 anos antes de Cristo.
A escrita no Egito era fiscalizada pelo Fisco Real, o que tornava os escriturários zelosos e sérios em sua profissão. O inventário revestia-se de tal importância, que a contagem do boi, divindade adorada pelos egípcios, marcava o inicio do calendário adotado. Inscreviam-se bens móveis e imóveis, e já se estabeleciam, de forma primitiva, controles administrativos e financeiros.
As "Partidas de Diário" assemelhavam-se ao processo moderno: o registro iniciava-se com a data e o nome da conta, seguindo-se quantitativos unitários e totais, transporte, se ocorresse, sempre em ordem cronológica de entradas e saídas.
Pode-se citar, entre outras contas: "Conta de Pagamento de Escravos", "Conta de Vendas Diárias", "Conta Sintética Mensal dos Tributos Diversos", etc.
Tudo indica que foram os egípcios os primeiros povos a utilizar o valor monetário em seus registros. Usavam como base, uma moeda, cunhada em ouro e prata, denominada "Shat". Era a adoção, de maneira prática, do Princípio do Denominador Comum Monetário.
Os gregos, baseando-se em modelos egípcios, 2.000 anos antes de Cristo, já escrituravam Contas de Custos e Receitas, procedendo, anualmente, a uma confrontação entre elas, para apuração do saldo. Os gregos aperfeiçoaram o modelo egípcio, estendendo a escrituração contábil às várias atividades, como administração pública, privada e bancária.


NA BÍBLIA
Há interessantes relatos bíblicos sobre controles contábeis, um dos quais o próprio Jesus relatou em Lucas capítulo 16, versos 1 a 7: o administrador que fraudou seu senhor, alterando os registros de valores a receber dos devedores.
No tempo de José, no Egito, houve tal acumulação de bens que perderam a conta do que se tinha! (Gênesis 41.49).
Houve um homem muito rico, de nome Jó, cujo patrimônio foi detalhadamente inventariado no livro de Jó, capítulo 1, verso 3. Depois de perder tudo, ele recupera os bens, e um novo inventário é apresentado em Jó, capítulo 42, verso 12.
Os bens e as rendas de Salomão também foram inventariados em 1º Reis 4.22-26 e 10.14-17.
Em outra parábola de Jesus, há citação de um construtor, que faz contas para verificar se o que dispunha era suficiente para construir uma torre (Lucas 14.28-30).
Ainda, se relata a história de um devedor, que foi perdoado de sua dívida registrada (Mateus 18.23-27).
Tais relatos comprovam que, nos tempos bíblicos, o controle de ativos era prática comum.


PERÍODO MEDIEVAL
Em Itália, em 1202, foi publicado o livro "Liber Abaci" , de Leonardo Pisano.
Estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio, etc., tornando o homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros.
Se os sumérios-babilônios plantaram a semente da Contabilidade e os egípcios a regaram, foram os italianos que fizeram o cultivo e a colheita.
Foi um período importante na história do mundo, especialmente na história da Contabilidade, denominado a "Era Técnica" , devido às grandes invenções, como moinho de vento, aperfeiçoamento da bússola, etc., que abriram novos horizontes aos navegadores, como Marco Pólo e outros.
A indústria artesanal proliferou com o surgimento de novas técnicas no sistema de mineração e metalurgia. O comércio exterior incrementou-se por intermédio dos venezianos, surgindo, como conseqüência das necessidades da época, o
livro caixa, que recebia registros de recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma rudimentar, o débito e o crédito, oriundos das relações entre direitos e obrigações, e referindo-se, inicialmente, a pessoas.
O aperfeiçoamento e o crescimento da Contabilidade foram a conseqüência natural das necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O processo de produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital, alterando-se as relações de trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho assalariado, tornando os registros mais complexos. No século X, apareceram as primeiras corporações na Itália, transformando e fortalecendo a sociedade burguesa.
No final do século XIII apareceu, pela primeira vez a conta "Capital" , representando o valor dos recursos injetados nas companhias pela família proprietária.
O método das Partidas Dobradas teve sua origem na Itália, embora não se possa precisar em que região. O seu aparecimento implicou a adoção de outros livros que tornassem mais analítica a Contabilidade, surgindo, então, o Livro da Contabilidade de Custos.
No início do Século XIV, já se encontravam registros explicitados de custos comerciais e industriais, nas suas diversas fases: custo de aquisição; custo de transporte e dos tributos; juros sobre o capital, referente ao período transcorrido entre a aquisição, o transporte e o beneficiamento; mão-de-obra direta agregada; armazenamento; tingimento, etc., o que representava uma apropriação bastante analítica para época. A escrita já se fazia no moldes de hoje, considerando, em separado, gastos com matérias-primas, mão-de-obra direta a ser agregada e custos indiretos de fabricação. Os custos eram contabilizados por fases separadamente, até que fossem transferidos ao exercício industrial.


PERÍODO MODERNO
O período moderno foi a fase da pré-ciência. Devem ser citados três eventos importantes que ocorreram neste período:
em 1493, os turcos tomam Constantinopla, o que fez com que grandes sábios bizantinos emigrassem, principalmente para Itália;
em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o Brasil, o que representava um enorme potencial de riquezas para alguns países europeus;
em 1517, ocorreu a reforma religiosa; os protestantes, perseguidos na Europa, emigram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova vida.
A Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava.
A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi uma contribuição de comerciantes italianos do séc. XIII. Os empréstimos a empresas comerciais e os investimentos em dinheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses dos credores e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações com os consumidores e os empregados.
O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci, que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da Contabilidade.


FREI LUCA PACIOLI
Escreveu "Tratactus de Computis et Scripturis" (Contabilidade por Partidas Dobradas), publicado em 1494, enfatizando que à teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos.
Pacioli foi matemático, teólogo, contabilista entre outras profissões. Deixou muitas obras, destacando-se a "Summa de Aritmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá", impressa em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre Contabilidade e Escrituração.
Pacioli, apesar de ser considerado o pai da Contabilidade, não foi o criador das Partidas Dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente na Toscana, desde o Século XIV.
O tratado destacava, inicialmente, o necessário ao bom comerciante. A seguir conceituava inventário e como fazê-lo. Discorria sobre livros mercantis: memorial, diário e razão, e sobre a autenticação deles; sobre registros de operações: aquisições, permutas, sociedades, etc.; sobre contas em geral: como abrir e como encerrar; contas de armazenamento; lucros e perdas, que na época, eram "Pro" e "Dano"; sobre correções de erros; sobre arquivamento de contas e documentos, etc.
Sobre o Método das Partidas Dobradas, Frei Luca Pacioli expôs a terminologia adaptada:
"Per " , mediante o qual se reconhece o devedor;
"A " , pelo qual se reconhece o credor.
Acrescentou que, primeiro deve vir o devedor, e depois o credor, prática que se usa até hoje.
A obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci, que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da Contabilidade. A obra de Pacioli não só sistematizou a Contabilidade, como também abriu precedente que para novas obras pudessem ser escritas sobre o assunto. É compreensível que a formalização da Contabilidade tenha ocorrido na Itália, afinal, neste período instaurou-se a mercantilização sendo as cidades italianas os principais interpostos do comércio mundial.
Foi a Itália o primeiro país a fazer restrições à prática da Contabilidade por um indivíduo qualquer. O governo passou a somente reconhecer como contadores pessoas devidamente qualificadas para o exercício da profissão. A importância da matéria aumentou com a intensificação do comércio internacional e com as guerras ocorridas nos séculos XVIII e XIX, que consagraram numerosas falências e a conseqüente necessidade de se proceder à determinação das perdas e lucros entre credores e devedores.


PERÍODO CIENTÍFICO
O Período Científico apresenta, nos seus primórdios, dois grandes autores consagrados: Francesco Villa, escritor milanês, contabilista público, que, com sua obra "La Contabilità Applicatta alle administrazioni Private e Plubbliche", inicia a nova fase; e Fábio Bésta, escritor veneziano.
Os estudos envolvendo a Contabilidade fizeram surgir três escolas do pensamento contábil: a primeira, chefiada por Francisco Villa, foi a Escola Lombarda; a segunda, a Escola Toscana, chefiada por Giusepe Cerboni; e a terceira, a Escola Veneziana, por Fábio Bésta.
Embora o século XVII tivesse sido o berço da era científica e Pascal já tivesse inventado a calculadora, a ciência da Contabilidade ainda se confundia com a ciência da Administração, e o patrimônio se definia como um direito, segundo postulados jurídicos.
Nessa época, na Itália, a Contabilidade já chegara à universidade. A Contabilidade começou a ser lecionada com a aula de comércio da corte, em 1809.
A obra de Francesco Villa foi escrita para participar de um concurso sobre Contabilidade, promovido pelo governo da Áustria, que reconquistara a Lombarda, terra natal do autor. Além do prêmio, Villa teve o cargo de Professor Universitário.
Francisco Villa extrapolou os conceitos tradicionais de Contabilidade, segundo os quais escrituração e guarda livros poderiam ser feitas por qualquer pessoa inteligente. Para ele, a Contabilidade implicava conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem a matéria administradas, ou seja, o patrimônio. Era o pensamento patrimonialista.
Foi o inicio da fase científica da Contabilidade.
Fábio Bésta, seguidor de Francesco Villa, superou o mestre em seus ensinamentos. Demonstrou o elemento fundamental da conta, o valor, e chegou, muito perto de definir patrimônio como objeto da Contabilidade.
Foi Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bésta, quem pela primeira vez, em 1923, definiu patrimônio como objeto da Contabilidade. O enquadramento da Contabilidade como elemento fundamental da equação aziendalista, teve, sobretudo, o mérito incontestável de chamar atenção para o fato de que a Contabilidade é muito mais do que mero registro; é um instrumento básico de gestão.
Entretanto a escola Européia teve peso excessivo da teoria, sem demonstrações práticas, sem pesquisas fundamentais: a exploração teórica das contas e o uso exagerado das partidas dobradas, inviabilizando, em alguns casos, a flexibilidade necessária, principalmente, na Contabilidade Gerencial, preocupando-se demais em demonstrar que a Contabilidade era uma ciência ao invés de dar vazão à pesquisa séria de campo e de grupo.
A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância norte-americana dentro da Contabilidade.


ESCOLA NORTE-AMERICANA
Enquanto declinavam as escolas européias, floresciam as escolas norte-americanas com suas teorias e práticas contábeis, favorecidas não apenas pelo apoio de uma ampla estrutura econômica e política, mas também pela pesquisa e trabalho sério dos órgãos associativos. O surgimento do American Institut of Certield Public Accountants foi de extrema importância no desenvolvimento da Contabilidade e dos princípios contábeis; várias associações empreenderam muitos esforços e grandes somas em pesquisas nos Estados Unidos. Havia uma total integração entre acadêmicos e os já profissionais da Contabilidade, o que não ocorreu com as escolas européias, onde as universidades foram decrescendo em nível, em importância.
A criação de grandes empresas, como as multinacionais ou transnacionais, por exemplo, que requerem grandes capitais, de muitos acionistas, foi a causa primeira do estabelecimento das teorias e práticas contábeis, que permitissem carreta interpretação das informações, por qualquer acionista ou outro interessado, em qualquer parte do mundo.
Nos inícios do século atual, com o surgimento das gigantescas corporações, aliado ao formidável desenvolvimento do mercado de capitais e ao extraordinário ritmo de desenvolvimento que os Estados Unidos da América experimentou e ainda experimenta, constitui um campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis. Não é por acaso que atualmente o mundo possui inúmeras obras contábeis de origem norte-americanas que tem reflexos diretos nos países de economia.


NO BRASIL
No Brasil, a vinda da Família Real Portuguesa incrementou a atividade colonial, exigindo – devido ao aumento dos gastos públicos e também da renda nos Estados – um melhor aparato fiscal. Para tanto, constituiu-se o Erário Régio ou o Tesouro Nacional e Público, juntamente com o Banco do Brasil (1808). As Tesourarias de Fazenda nas províncias eram compostas de um inspetor, um contador e um procurador fiscal, responsáveis por toda a arrecadação, distribuição e administração financeira e fiscal.
Hoje, as funções do contabilista não se restringem ao âmbito meramente fiscal, tornando-se, num mercado de economia complexa, vital para empresas informações mais precisas possíveis para tomada de decisões e para atrair investidores. O profissional vem ganhando destaque no mercado em Auditoria, Controladoria e Atuarial.
São áreas de analise contábil e operacional da empresa, e, para atuários, um profissional raro, há a especialização em estimativas e análises; o mercado para este cresce em virtude de planos de previdência privada.


quarta-feira, 4 de março de 2009

Accounting Control in the Zenon Papyri

Por H. P. Hain
The Accounting Review, October 1966.

GYPTIAN peasants, in 1915, digging for antiquities in the Fayum discovered a horde of inscribed rolls which later became known as the Zenon papyri. Many of them have since been reconstructed, translated, and evaluated. Taken as a whole they have thrown important light on the accounting system not only of Ptolemaic Egypt, but also of Greece by which it was inspired. Under Alexander the Great, Egypt had been a Greek province; and although the country regained its independence under the native dynasty of the Ptolemies, Greek influence persisted in practically every aspect of public administration and business organization.


The Zenon papyri, a collection of more than one thousand documents, are mainly concerned with the private estate of Apollonios, who was the chief financial minister (dioiketos) of Ptolemy Philadelphos but also conducted a variety of business activities on his own account. The estate was situated in a recently-drained area near the new city of Philadelphia and was still in the process of development. The accounts therefore reflect construction projects as well as current agricultural and business operations. They span a period of approximately thirty years during the third century B.C…

Quem quiser saber mais sobre o texto é só acessar a fonte: http://www.jstor.org/pss/243585

segunda-feira, 2 de março de 2009

Lei faz crescer interesse em pesquisa, mas precisa de ajustes.

Lei faz crescer interesse em pesquisa, mas precisa de ajustes
São Paulo, 25 de Fevereiro de 2009 - Desde 2004, quando foi aprovada a Lei de Inovação, escritórios de advocacia tiveram um aumento na demanda de empresas nacionais e estrangeiras que desejam estabelecer parcerias com centro de pesquisas em universidades públicas para desenvolver novos produtos. "O Brasil possui uma economia forte, é o segundo mercado de vendas. Esse atrativo favorece o mercado de propriedade intelectual. Dessa forma, desde 2004, passamos a assessorar de dois a três casos por ano desse tipo de prestação de serviço", afirma Ricardo Pinho, do Daniel Advogados. De acordo com o advogado, principalmente a produção de biocombustíveis atraiu o interesse das empresas estrangeiras.
No caso da banca Gusmão e Labrunie, o sócio Jacques Labrunie comenta que houve um crescimento de 50%, no ano passado, em comparação com os demais anos depois da aprovação da lei. "Principalmente na área farmacêutica e de energia notamos esse aumento de interesse de empresas nacionais em estabelecerem contratos de prestação de serviços com instituições públicas", justifica.
O advogado Fernando Cavalcante, do Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga, também comenta que a área de biotecnologia é uma das mais pesquisadas para inovações. No entanto, ele afirma que, na atual situação financeira do País, as empresas que mais investem são as nacionais.
Para Gustavo de Freitas Morais, do Dannemann Siemsen Advogados, a cooperação das empresas com instituições públicas é bastante positiva e diz acreditar que o Brasil tem grandes chances de sucesso. "Vemos pelo mundo que muitas patentes são de universidades. Não quero morrer sem ver um prêmio nobel dado a um brasileiro", diz.
Incentivos
Andréa Possinhas, do Clarke Modet Advogados, afirma que o interesse de empresas por centros de pesquisas foi nítido no escritório. "Notamos que houve um aumento de aproximadamente 30%, nos últimos dois anos no depósito de patentes das clientes, que são incubadoras de universidades", explica. Para ela, com os recursos provenientes dos estados e os benefícios fiscais às empresas que investem nessas "empresas universitárias", a tendência é de facilitar o desenvolvimento tecnológico no Brasil.
O sócio do Abdo Advogados, Jamil Abdo, afirma que teve a necessidade de fazer convênio com universidades para atender a demanda das empresas, principalmente com relação a criação de produtos agrícolas; de energias limpas, entre outros.
Na opinião dos advogados, a crise é o único empecilho que pode prejudicar o desenvolvimento da propriedade industrial do Brasil. Como aconteceu com a banca Daniel Advogados, que não está atuando em nenhum caso de investimento, "por ora, impactado pela crise".
Gargalos
Apesar dos aspectos positivos expostos pelos especialistas, eles dizem que ainda há pontos em que a lei de inovação poderia ser melhorada ou reavaliada.
Ricardo Pinho afirma que há problemas com relação aos direitos do produto inventado. "As empresas ficam relutantes em fazer essas parcerias quando se exige, em contratos, que o direito da invenção será dividido", explica. O advogado Jacques Labrunie faz coro a Pinho. Na opinião do especialista, a lei deveria ser mais flexível a negociações entre as partes. "Principalmente quando parte das universidades o interesse em produzir a invenção, estas não têm o direito de oferecer para quem quiser. Têm que fazer licitações para isso", diz. Para Jamil Abdo, a lei de inovação nem deveria existir. "O Código Civil tem dispositivos que já protegem o inventor", afirma.
Já para Gustavo de Freitas Morais, a lei está ótima e não poderia ser mudada, porque todos os problemas vão depender do contrato firmado. "A cotitularidade, que é um dos problemas em alguns casos de parcerias, traz um leque de situações, mas tudo tem que ser respondido por meio do que foi acordado."

Fonte: (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(Fernanda Bompan) acessado em 02/03/2009.