quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Saiba quais as principais tendencias da Consumer Electonics Show (CES) para 2011

Da Digital & Midia, globo on line
Publicado em 23/12/2010

A Consumer Electonics Show (CES) acontece em Las Vegas todo início de ano e aponta as principais tendências em tecnologia. Na versão 2011, que será na primeira semana de janeiro, há nove apostas principais, dizem os analistas da área:

1) TV em rede - a conexão da televisão com a internet, via streaming de vídeo, e serviços como Netflix estarão em alta, além da Apple TV e afins. Não esqueçamos os consoles de games, que também servem para fazer streaming e são muito usados para isso.

2) Tablets - O iPad ainda é o campeão do setor, mas o Android corre atrás, com o Galaxy Tab da Samsung e o Dell Streak. Espera-se que a RIM (Blackberry) anuncie seu PlayBook no CES, embora ainda não haja nenhum comunicado oficial a respeito. O Windows, por outro lado, aparece em opções como o Slate, da HP, e o ViewPad, da ViewSonic.

3) Acessórios para iPad, iPod Touch e iPhone - A iLounge, área da feira destinada a tudo que é "i", dobrou de tamanho para sua versão 2011. Ou seja, vai ferver com as novidades para os indefectíveis gadgets da turma de Steve Jobs. E isso tudo sem falar sobre o iPad 2, que deve chegar em fevereiro.

4) Smartphones - O principal burburinho é em torno do possível lançamento do Nexus S com Android 2.4 (Gingerbread), mas esperam-se novidades também de Motorola, Nokia, Sony Ericsson e LG, além de novos aplicativos para cada um dos sistemas operacionais móveis - iOs, Blackberry, Android, Symbian e Windows Phone.

5) Eletroeletrônicos inteligentes - Nesta área, espera-se de tudo. Exemplos: máquinas de lavar conectadas a um grid que começam seu ciclo ao detectarem ociosidade na rede; geladeiras que encomendam produtos automaticamente assim que eles acabam; e por aí vai. Entram aí também relógicos com Bluetooth, ou conectados com aplicativos de celulares e tablets para um sem-número de funções.

6) Carros techie - A parte veicular da feira promete gadgets para segurança na direção, navegação cada vez mais precisa, conexão Bluetooth com celulares e tocadores de música, etc. A Ford e a Audi terão keynotes no evento.

7) Entretenimento - A agitação aqui é toda em torno da convergência das chamadas "três telas" - a do celular, a do computador/notebook/tablet e a da TV. Até a Cineplex, dona de cinemas, já tem seu serviço de filmes online. A Netflix terá um keynote na feira, e os grandes estúdios hollywoodianos também, como Sony, Universal e afins.

8) TV 3D - Uma tecnologia recente, que ainda precisa de padronização; mas espera-se, por exemplo, óculos 3D que funcionem com qualquer marca de televisor, e TVs 3D mais baratas. Veremos mais games tridimensionais, assim como filmes e computadores preparados para a tecnologia.

9) Tudo conectado - Ninguém mais quer aparelhos sem possibilidade acesso à internet hoje em dia: por isso, os gadgets conectados devem chover na festa, seja via streaming (Apple TV e o sistema Sonos, por exemplo), e estarão em alta as tecnologias sem fio, como WiFi, Bluetooth e que tais.


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Polo Tecnológico de Londrina se preparando para decolar

O Polo Tecnológico de Londrina (PTL) foi instituído juridicamente em 2002, mas devido a diversos problemas, principalmente políticos e de cunho burocrático, só começou a funcionar mesmo a partir de 2007.

Segundo Vieira (2005 p. 84) desde a criação da cidade de Londrina no Paraná na década de 1930, até meados da década de 1970, a cidade era dependente basicamente da cafeicultura e, após a instalação dos centros de pesquisa e universidades que ocorreram na década de 1970 que a comunidade científica local passou a se organizar e a reivindicar ações, por parte do Município e Estado, que apoiassem o desenvolvimento tecnológico. Assim, durante a década de 1980, o desenvolvimento das ações de C&T em Londrina foi acontecendo sem muito apoio dos governantes locais.

Mas, em outubro de 1993, o projeto do Polo Tecnológico de Londrina (PTL) começou a sair do papel com a criação de uma associação para promover e articular o desenvolvimento tecnológico da região, a Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina (ADETEC). A instituição é responsável pela concepção do projeto do Polo Tecnológico de Londrina. Desta forma, a cidade de Londrina passou a ter uma instituição focada na busca de soluções para a promoção do desenvolvimento tecnológico da região.

Além da ADETEC, durante a década de 1990 foram criadas várias instituições voltadas para o desenvolvimento tecnológico na região, como:

• a Incubadora Industrial de Londrina (INCIL), criada em 1994 ( que por motivos de redução de gastos foi desativada em 2001;

• a implantação do Centro Softex Gênesis/GeNorP , no ano de 1995;

• a Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do Agronegócio (FAPEAGRO), em 1996 ;

• a Fundação Meridional de Apoio à Pesquisa Agropecuária, criada em 1999; e

• a criação, da Incubadora Internacional de Base Tecnológica da Universidade Estadual de Londrina (INTUEL), em 1999;


Além disso, o Polo tem como âncora tecnológica os Laboratórios Metrológicos do Instituto de Pesos e Medidas do Paraná (IPEM), vinculados ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) e parcerias formais e informais com a Associação Comercial e Industrial de Londrina - ACIL, FIEP - Federação das Indústrias do Estado do Paraná - FIEP/IEL, Empresas Associadas; com a UEL, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), EMBRAPA/Soja, Prefeitura de Londrina, Governo Estadual e Governo Federal entre outras.

De acordo com Vieira (2005 p. 84) entre os anos de 2000 e 2002, houve todo um processo de construção do que seria uma solução viável e factível, respeitando as características regionais, para ser implantado em Londrina. Dando continuidade aos trabalhos de conscientização realizados durante toda a década de 1990, houve a realização de palestras e seminários regionais. Também foram publicados artigos científicos em congressos nacionais e internacionais, para validar os fatos que estavam acontecendo em Londrina, bem como para provocar um aprendizado com as experiências de outros locais.

O PTL possui como instituições responsáveis, a Companhia de Desenvolvimento de Londrina – CODEL, órgão este designado legalmente para representar a Prefeitura Municipal de Londrina, e a Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região – ADETEC, uma organização não governamental voltada para o desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (C&T).

Apesar de toda a estrutura e diversos benefícios disponíveis o Polo de Londrina ainda não decolou. De acordo com informações divulgadas no programa de TV Jornal do Paraná em outubro de 2010, o projeto criado para concentrar novas empresas de tecnologia ainda não atraiu investidores, assim ainda é pouco utilizado por empresários. Segundo o noticiário, até outubro de 2010, apenas o Instituto de Pesos e Medidas - IPEM e mais duas empresas se instalaram na região, deixando boa parte da estrutura vazia.Uma das empresas tem como atividade principal a tecnologia de vedação, a outra é de fabricação de produtos odontológicos, sendo insuficientes para a realização de cooperação e difusão de tecnologia.

Os principais problemas do Polo estão ligados a burocracia na realização de licitações para a conclusão das obras da estrutura local do Tecnocentro e a falta de políticas públicas para a atração de empresas.

Assim, para ser um centro difusor tecnológico o PTL ainda precisa resolver esses problemas locais com a infraestrutura do Tecnocentro e precisa conseguir atrair um número maior de empresas para a região.

Apesar disso, só o fato de o PTL ter saído do papel já representa um grande avanço para a região, agora é dar continuidade, não dar bola para a politicagem e não deixar a peteca cair.


Principais Fontes:
Paraná TV – RPCTV (afiliada a Globo no Paraná), 10 de outubro de 2010. Programa de TV. Parque Tecnológico de Londrina ainda é pouco utilizado por empresários. Pólo criado para concentrar novas empresas de tecnologia não atrai investidores. Acesso em 20 dez. 2010.

VIEIRA, Saulo Fabiano Amâncio. O Parque Tecnológico de Londrina: uma análise à luz da Teoria Neo-Institucional. 2005, 194 f. Dissertação (Mestrado em Administração). Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Estadual de Maringá em consócio com a Universidade Estadual de Londrina, Maringá, 2005.


Descrição da principal instituição e empresas localizadas no PTL:

IPEM - Instituto de Pesos e Medidas do Paraná


Primeira âncora do Parque. Possui dois laboratórios de metrologia e certificação, de suporte à área têxtil/confecções e à área química. O principal diferencial dos laboratórios em Londrina é que estes pertencem a órgãos do governo e, portanto, não visam lucro.

Ângelus Indústria de Produtos Odontológicos Ltda.

É uma empresa genuinamente londrinense, fundada na INCIL – Incubadora Industrial de Londrina em 1994 e que, hoje, exporta produtos utilizados em consultórios dentários para países de vários continentes. A Ângelus trabalha com tecnologia de fabricação de produtos odontológicos. Fabrica mais de 40 diferentes produtos para as áreas de tratamento odontológico, próteses de laboratório e endodontia, desenvolvidos em parcerias científicas com profissionais da área e de universidades.


International Seals Tecnologia em Vedação Ltda.

Empresa de tecnologia de vedação, com matriz em São Paulo. Além de Londrina, a International Seals possui mais duas unidades, uma em Ribeirão Preto e outra na região de Santos. A empresa produz, por exemplo, fios trançados utilizados para suportar altas temperaturas, como na extração de petróleo e também isolantes de elementos tóxicos nocivos à atmosfera para parques industriais químicos.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O Capital Intangível em Empresas de Alta Tecnologia: Uma Análise de Conteúdo em Relatórios de Empresas Listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa)

Artigo em versão preliminar apresentado no dia 30 de novembro de 2010 no XXVI Simpósio de gestão da Inovação Tecnológica da ANPAD.

Ganhou o prêmio de 1º lugar (melhor trabalho) e fast track para a revista RAUSP.

Resumo:
Os Capitais Intangíveis são fundamentais para o ganho da competitividade das empresas como mostraram estudos como sendo a combinação de diferentes elementos de ativo intangível e investimentos tangíveis que determinam a vantagem competitiva. Sempre existiu o interesse em entender esse valor intangível que aparece na diferença entre o valor contábil e o valor de mercado de uma empresa. Todavia, boa parte dos capitais intangíveis como as informações sobre atividades e projetos pesquisa e desenvolvimento (P&D) em andamento, a capacidade de criatividade dos funcionários, o nível técnico, processos de gestão, marca, know-how, entre outros, quase não existem nas demonstrações financeiras das empresas, mas aparecem no valor de mercado delas. As limitações das informações nos relatórios financeiros têm motivado um diálogo evoluindo na busca de novas formas de medir e informar sobre os capitais intangíveis de uma empresa. Há uma multiplicidade de abordagens e novas medidas, verificando-se que não há um consenso geral sobre os limites de quantidades de categorias, ou mesmo em que categoria um determinado tipo de intangível pode se enquadrar. Nesse contexto, esse estudo objetivou verificar qual a frequência e o tipo de divulgação e em quais setores e empresas do segmento de alta tecnologia listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) mais divulgam informação sobre itens de Capital Intelectual (CI). Para o alcance do objetivo realizou-se uma pesquisa do tipo análise de conteúdo onde se analisou, com abordagem qualitativa, os 57 relatórios financeiros coletados no sitio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com data de 31/12/2009 de empresas caracterizadas de alta tecnologia. Os resultados destacam que, no conjunto, os setores de telecomunicações, de máquinas e equipamentos e da indústria de veículos automotores, reboques e carroceria foram os que mais divulgaram itens de CI. A maior parte desses itens, isto é, os mais divulgados está relacionada a categoria estratégia. Na sequência, as outras categorias com mais itens divulgados foram o capital cliente e o capital humano. Com relação à qualidade das divulgações o tipo mais divulgado foi de natureza declarativa, apontando baixa qualidade na informação. Outrossim, o resultado apresentou que as empresas que mais divulgaram não necessariamente tiveram maiores faturamento bruto. O resultado não reforça a hipótese de que empresas com mais divulgação de CI tem maiores faturamentos. Com relação à qualidade da informação das empresas que divulgaram mais e que tiveram maiores faturamentos ao mesmo tempo, identificou-se que a maior parte das divulgações foi do tipo descritiva, ou seja, a informação pode ser considerada como de baixa qualidade. Nesse sentido, conclui-se que o nível e a qualidade das informações dos Capitais Intangíveis divulgados pelas empresas do segmento de alta tecnologia nos relatórios financeiros, ainda são insipientes. Finalmente, após o exame detalhado dos itens de CI neste estudo é possível encontrar a origem do valor “oculto” de uma empresa em um ou mais aspectos do Capital Humano, do Capital Cliente, do Capital Organizacional, das Estratégias ou da P&DI.




Autores:
Alessandro Pereira Alves, Pierre Ohayon

Maiores detalhes: http://www.anpad.org.br/evento.php?acao=subsecao&cod_edicao_subsecao=562&cod_evento_edicao=55

A Convergência Internacional dos Padrões Contábeis e os Contratos de Concessão: Um estudo sobre o ambiente normativo e os possíveis impactos na adoção da Interpretação Técnica ICPC 01 em empresas concessionárias de rodovias federais brasileiras.

Trabalho em versão preliminar apresentado no dia 25 de novembro de 2010 no  XII Encontro do Mestrado e III Congresso Latino Americano de Contabilidade de Gestão do Mestrado em Contabilidade da UERJ

Resumo:

A Interpretação Técnica - ICPC 01 trata de Contratos de Concessão e, é obrigatória para os exercícios encerrados a partir de dezembro de 2010. Assim, para a verificação do andamento do processo de convergência sobre o tema, o presente estudo tem por objetivo identificar o ambiente regulatório, verificar as informações divulgadas em notas explicativas e analisar o possível impacto das alterações introduzidas pela ICPC 01 nas demonstrações financeiras das concessionárias. Para tanto, realizou-se uma pesquisa do tipo descritiva e coletaram-se dados na bibliografia disponível e em outros documentos. Para a análise dos dados utilizou-se a abordagem qualitativa. Os resultados indicaram que todas as empresas do estudo estão sujeitas a aplicação da Interpretação. Todavia, nenhuma empresa antecipou a adoção. Assim, poucos foram os itens divulgados como orientado pela interpretação. Constatou-se que o maior impacto poderá ocorrer nas contas do ativo imobilizado, ativo intangível, nos custos de empréstimos, nas provisões para manutenções e reparos, nas contas de receitas, nos temas sobre os serviços de construção ou melhoria entre outros. Desta forma, entende-se que há muito trabalho a realizar para a efetiva convergência da contabilidade brasileira ao padrão internacional, sobretudo, com os contratos de concessões.



Palavras-chave: Contratos de concessão, Rodovias, Normas internacionais de contabilidade, ICPC 01, IFRIC 12.



Abstract:

The Technical Interpretation of the Committee Pronouncement of Brazil called ICPC 01 is mandatory for accounting periods ending after December 2010. Thus, to verify the actual process of convergence on the subject, this study aims to identify the regulatory environment, to verify the information disclosed in notes and also to analyze the possible impact of changes introduced by the ICPC 01 financial statements of concessionaires. To this end, we carried out a survey of descriptive and to gather data on available literature and documents. For data analysis we used a qualitative approach. The results indicated that all companies in the study are subject to application of the Interpretation ICPC 01. But no company has anticipated the adoption and few items were reported as guided by the interpretation. It was found that the biggest impact may occur into the accounts of Fixed Assets, Intangible Assets, in borrowing costs, the provisions for maintenance and repairs, the accounts of revenue issues on services of construction or improvement; services operation among others. Thus, it is understood that there is much work to be done for effective convergence of Brazilian accounting to international standards, especially with contracts for concessions.

Keywords: Concession contracts, Highways, International accounting standards, ICPC 01, IFRIC 12


Autores:
Tatiane Gomes Silva; Alessandro Pereira Alves; José Augusto Veiga da Costa Marques

A Relevância dos Gastos com P&D para o Mercado Brasileiro de Capitais: um estudo com distribuidoras de energia elétrica no período de 2002-2009

Artigo preliminar apresentado no Simpósio Anpad 2010 em 30/11/2010.

Resumo:
A relevância da informação contábil e de sua divulgação é objeto de estudo de diversas pesquisas que objetivam avaliar o value relevance, a partir da aplicação de metodologias para verificar o impacto da informação. Realizados sob diferentes aspectos de observação, os estudos anteriores analisaram questões como o impacto da divulgação para o preço das ações, a importância de informações específicas e o contexto macroeconômico do período. Especificamente no caso de pesquisas sobre gastos com P&D, pode ser observada divergência em relação aos resultados sobre a significância da relação entre a divulgação dos gastos com P&D e o valor da empresa. Nesse cenário contraditório, considerando a importância do setor elétrico para a economia brasileira e pelo fato de que por força da Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000, as concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica estão obrigadas a aplicar parte de sua receita operacional líquida em P&D e em Programas de Eficiência Energética no uso final. Assim, de forma a verificar o impacto da informação dos gastos com P&D divulgados em conjunto com as demonstrações financeiras, na valorização da empresa, este artigo tem como objetivo analisar a relevância dos gastos com P&D para o mercado de capitais das empresas do setor de distribuição de energia elétrica no período de 2002-2009. Para tanto, realizou-se uma pesquisa empírico-positivista, pois utilizou-se de técnicas de coleta, tratamento e análise de dados marcadamente quantitativos com processo de amostragem não probabilístico, pois parte-se de um universo naturalmente restrito, já que as empresas foram escolhidas a partir da listagem das empresas distribuidoras de energia elétrica de capital aberto negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo. Assim, fez-se uma análise de regressão (pooling) dos gastos com P&D contra o valor de mercado das empresas sob análise, tendo como variáveis de controle o lucro líquido (LL) e o patrimônio líquido (PL). Os resultados mostram que a informação de gastos com P&D é relevante para o mercado de capitais quando analisada isoladamente. Porém, quando esta informação é regredida tendo como variáveis de controle o LL e o PL observa-se que apesar da melhoria no R2 ajustado, a variável P&D não se mostra significativa a 5%. Ainda numa comparação desta regressão com uma regressão do valor de mercado com apenas as variáveis de controle percebe-se que através do teste de Wald não se capturou ganho marginal no nível informacional do LL e do PL com a adição da informação dos gastos com P&D. Logo, conclui-se que a informação dos gastos com P&D não acrescenta conteúdo informacional marginal na tentativa de explicar o valor de mercado das empresas a partir de sua informações contábeis de LL e PL.

Autores:
Alessandro Pereira Alves,
Tatiane Gomes Silva,
Marcelo Alvaro da Silva Macedo,
José Augusto Veiga da Costa Marques

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Gesel-UFRJ lança livro que analisa empresas do setor

São Paulo, 25 de Novembro de 2010 - 10:00

Séries 2010 traz análise econômica e financeira de 104 companhias

O Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio Janeiro (Gesel-UFRJ), lançou na última terça-feira (23/11) mais uma publicação do Séries Econômico-Financeiras das Empresas do Setor de Energia Elétrica.

O "Séries 2010" apresenta uma reunião de análises, informações e dados referentes a negócios entre as companhias que atuam no setor elétrico brasileiro. Trata-se de um anuário com análise econômica e financeira das 104 empresas mais importantes nos segmentos de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia.

Voltada para analistas econômicos e financeiros, especialistas e professores ligados ao segmento elétrico, a publicação chega à sua 11ª edição incluindo também o balanço social das companhias. De acordo com o Gesel, o livro é a mais completa publicação sobre o tema no país.
Entre os autores do anuário está o coordenador do grupo, professor Nivade J. de Castro, além de José Augusto V.C. Marques; Rubens Rosental; Cláudia Ferreira da Cruz; Angelino Fernandes Silva e Alessandro Pereira Alves. O livro conta com o apoio da Eletrobras e do Instituto de Economia (UFRJ-IE).

Fonte: Jornal da Energia
http://www.jornaldaenergia.com.br/ler_noticia.php?id_noticia=5110&id_tipo=2&id_secao=17&id_pai=0&titulo_info=Gesel-UFRJ%20lan%26ccedil%3Ba%20livro%20que%20analisa%20empresas%20do%20set

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Carga Tributária Total no Brasil é de 34% do PIB

O Brasil é o país que tem a maior carga tributária entre os Brics (grupo formato por Brasil, Rússia, Índia e China). O total de impostos, tributos e contribuições recolhidos no país é de 34% do Produto Interno Bruto (PIB). Na Rússia, a carga é de 23% do PIB, na China é de 20% e na Índia, país cuja estrutura tributária é a mais parecida com a brasileira, o total da arrecadação corresponde a 12,1% do PIB.

Os dados fazem parte do levantamento "Carga Tributária no Mundo - Um comparativo Brasil X Brics", apresentado nesta quinta-feira (18) pelo sócio do escritório de advocacia Machado-Meyer, Daniel Monteiro Peixoto, durante o seminário Reforma Tributária Possível, realizado na Câmara Americana de Comércio (Amcham).

De acordo com Peixoto, o problema não é o tamanho da carga tributária no Brasil, mas sim a qualidade do uso dos recursos arrecadados. Ainda assim, de acordo com o estudo, o Brasil leva alguma vantagem sobre seus parceiros do Bric, tanto do ponto de vista dos avanços dos instrumentos arrecadatórios, quanto da distribuição dos recursos arrecadados.

"Hoje, reconhecidamente a aparelhagem de arrecadação do Brasil é bem melhor do que a de outros países", diz Peixoto.

No entanto, quando o estudo avalia a simplicidade da estrutura tributária em 183 países, o Brasil consegue ficar em último lugar, bem longe do penúltimo colocado, que é a República dos Camarões, na África. No Brasil, diz o advogado, passam-se dias para o contribuinte conseguir pagar o imposto.

A Índia tem baixa capacidade de arrecadação e isso faz com que o país tenha um déficit fiscal da ordem de 10% em relação ao PIB. No Brasil, que tem uma população de cerca de 185 milhões de habitantes, o número de contribuintes é de 20 milhões, enquanto na India, com 1,1 bilhão de habitantes, há 40 milhões de contribuintes para o Fisco.

Outra grande diferença entre Brasil e Índia aparece nos gastos com assistência previdenciária. No Brasil, os benefícios pagos chegam a 12% do PIB, enquanto na Índia atinge apenas 0,6%. De comum entre os dois países com maior semelhança na estrutura tributária está a tributação dos serviços. Como no Brasil, afirma Peixoto, na Índia é muito difícil distinguir o que é serviço e o que é produto na hora da tributação. Este é um componente a mais, que gera guerra fiscal entre os Estados nos dois países.

"Apesar de o Brasil ter a carga tributária mais elevada entre os Brics, isso não significa que a estrutura seja pior. Mas também não é reflexo de crescimento, já que a Índia tem uma carga tributária menor e também tem apresentado taxas expressivas de crescimento", reitera Peixoto.

Fonte: G1.com.br  e Revista Contábil & Empresarial Fiscolegis, 22 de Novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Empresa do dono do SBT vai processar a empresa de auditoria Deloitte

Grupo Silvio Santos vai processar ex-diretores do Banco Panamericano e a empresa de auditoria Deloitte

O Grupo Silvio Santos informou que vai processar os ex-diretores do Banco Panamericano e a empresa de auditoria responsável pela análise dos balances pelo rombo de R$ 2,5 bilhões na instituição financeira, segundo comunicado publicado neste domingo (14) em jornais de todo o país.

No texto do comunicado, o grupo afirma que, “na qualidade de acionista controlador” do Panamericano, “tendo em vista as irregularidades apontadas pelo Banco Central do Brasil, informa que processará, nas esferas cível e criminal, os ex-Diretores Executivos do Banco e a empresa de auditoria externa contratada para realizar a revisão das demonstrações financeiras do Banco”.

A empresa de auditoria Deloitte, contratada para realizar a revisão das demonstrações financeiras, já havia publicado um comunicado em sua página na internet, no qual afirma estar “à disposição e colaborando com as autoridades constituídas para a devida apuração e esclarecimento dos fatos”.

O Banco Panamericano anunciou na terça-feira (9) que receberá o empréstimo do Grupo Silvio Santos, seu acionista controlador, para equilibrar suas contas. A fonte dos recursos será o FGC (Fundo Garantidor de Crédito), uma reserva guardada pelos bancos brasileiros para garantir crédito a acionistas e clientes em caso de problemas com algum associado.

O Grupo Silvio Santos, por sua vez, deu como garantia de pagamento para o empréstimo todos os seus bens - que inclui, além do próprio banco e do SBT, as lojas do Baú da Felicidade, a marca de cosméticos Jequiti, o Centro Cultural Grupo Silvio Santos, a imobiliária Sisan, a Liderança Capitalização (administradora da Tele-Sena), a Braspag (empresa de pagamentos para e-commerce e call center), o Auto Moto Shopping Vimave (venda de veículos) e o Guarujá Jequitimar (hotel), entre outros. No total, as garantias somam R$ 2,7 bilhões.

Investigação

Na sexta-feira (12), O MPF-SP (Ministério Público Federal de São Paulo) e a Polícia Federal anunciaram a abertura de investigações para apurar eventuais crimes relacionados à crise envolvendo o Banco Panamericano e para acompanhar a fiscalização do Banco Central sobre a instituição financeira.

De acordo com o MPF-SP, os procuradores da República Rodrigo Fraga Leandro de Figueiredo e Anamara Osório Silva serão os responsáveis pela condução de um PIC (Procedimento Investigatório Criminal).

Já a Polícia Federal instaurou um inquérito policial para apurar a eventual prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, dentre eles: gestão fraudulenta, prestação falsa de informações aos órgãos competentes e inserção de elementos falsos em demonstrativos contábeis. O inquérito foi instaurado “tendo em vista o fato relevante divulgado pelo Banco Panamericano”.

A investigação vai ser conduzida pela Delefin (Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros), da Superintendência Regional no Estado de São Paulo.

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários, que fiscaliza o setor financeiro da economia brasileira) divulgou em sua página na internet um comunicado do Panamericano, no qual o banco informa “terem sido constatadas inconsistências contábeis que não permitem que as demonstrações financeiras reflitam a real situação patrimonial da entidade”.

A fraude

A fraude de R$ 2,5 bilhões, que quase levou o banco Panamericano à falência, pode ter começado há três ou quatro anos, segundo investigação do BC.

O Panamericano, que sempre teve como pilar as operações de crédito consignado e de financiamentos de veículos e de imóveis para as classes C e D, vendia carteiras de crédito para outros bancos - entre eles, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e HSBC -, mas não dava baixa no balanço.

Como o banco não levantava os recursos para empréstimos por meio dos depósitos feitos por correntistas, ele vendia parte de suas carteiras, que são como um “pacote” de empréstimos que têm um prazo para ser totalmente devolvido. Como o banco quer o dinheiro no menor tempo possível, ele “vende” o prazo.

Imagine um pacote de empréstimos que vale R$ 10, mas que será devolvido em R$ 1 por ano, ou seja, nos próximos dez anos. Para ter o dinheiro já, o banco vende tudo por R$ 5 agora, embolsa esse dinheiro e quem comprou assume o risco de os outros R$ 5 serem pagos.

O que ocorreu foi que parte dessas carteiras, mesmo já repassada adiante, continuava entre os ativos do banco, sendo considerada como “pronta para ser vendida”. Mas, na verdade, ela não pertencia mais ao banco.

Fonte: O globo on line, 14/11/2010

sábado, 13 de novembro de 2010

Balanço Social --> Ibama multa Natura em R$ 21 milhões por uso ilegal da flora

A questão é: como a Natura divulgará essa informação aos stakeholders?
Provalvemente os advogados da empresa ainda vão recorrer e, pode ser que consigam diminuir o valor da multa (ou talvez até a sua totalidade), mas e aí? qual informação deverá configurar nos demonstrativos financeiros da empresa? Em principio, os investidores atentos ja sabem da informação porque ja está sendo divulgada em diversos meios, mas será que vao se lembrar mais adiante?

Os ATIVOS ambientais as empresas divulgam com bastante voracidade e entusiasmo, mas e os PASSIVOS ambientais? Nesse caso, nao se trata extamente de uma degradação ambiental, está mais para um "atropelo" das formalidade, mas mesmo assim será que irão divulgar uma "provável" perda.
Além disso, a Natura recebeu 64 autos no ultimo 3 dia de novembro, conforme aponta a reportagem o que nao sabemos exatamente do que se tratam.Mas sabemos que a guerra competitiva faz com que essa empresa passe por cima dos verdadeiros donos das Riquezas da Amazonia, lembrando que é preciso da anuência do provedor (seja o governo ou uma comunidade tradicional ou indígena) e um contrato de repartição de benefícios.

Enfim, interpretem como quiserem o artigo abaixo:

O Globo On line, 13/11/2010.

Empresa do candidato a vice de Marina afirma que vai recorrer DE BRASÍLIA O Ibama multou em R$ 21 milhões a Natura, uma das maiores fabricantes nacionais de cosméticos, por usar recursos da biodiversidade brasileira sem autorização.

Segundo o site Ig, as multas fazem parte de um pacote de autuações de R$ 100 milhões, aplicado a várias empresas nacionais e estrangeiras e resultado de investigação do Ministério Público Federal do DF.

A Natura pertence a Guilherme Leal, candidato a vice-presidente na chapa da senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva.

Segundo Rodolfo Guttilla, diretor de Assuntos Corporativos da Natura, a empresa recebeu 64 autos de infração no último dia 3 e vai recorrer.

Guttilla diz que as multas se devem a "entendimentos diferentes" sobre o processo de autorização para acesso a recursos genéticos.

O tema é regulado por uma Medida Provisória de 2001, que foi alvo de críticas dos cientistas, mas que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) nunca conseguiu alterar.

Pela regra atual, qualquer acesso a espécies da fauna e da flora brasileiras para pesquisa depende de uma autorização prévia do CGen (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético).

Para um produto ser colocado no mercado, é preciso além disso a anuência do provedor (seja o governo ou uma comunidade tradicional ou indígena) e um contrato de repartição de benefícios.

A Natura diz que 100% de seus produtos têm repartição de benefícios. Mas diz que não pode esperar dois anos por uma autorização de pesquisa do CGen. "Dois anos é o ciclo de vida de um produto no mercado", diz Guttilla.

A situação, diz, ficou mais grave em 2007, quando o conselho, ligado ao MMA, suspendeu a análise dos pedidos de pesquisa da Natura.

Uma das 64 multas se refere à pesquisa de aromas de uma planta coletada dentro da fazenda da Natura em Cajamar (interior paulista).

"Estão extrapolando os limites da racionalidade econômica", reclamou.

Procurado pela Folha no começo da noite de ontem, o Ibama não se manifestou. A assessoria de imprensa do órgão afirmou que não conseguiria localizar ninguém para comentar o caso, por ser sexta-feira à noite.

O presidente do CGen, Bráulio Dias, também não pôde ser localizado até o fechamento desta edição.
 
Fonte: Globo On line, 13/11/2010.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ENSINO DE CONTABILIDADE ESTRATÉGICA: AS PRÁTICAS ABORDADAS POR LIVROS BRASILEIROS E INTERNACIONAIS

Resumo: A contabilidade estratégica é uma área emergente no cenário nacional e internacional e não há um consenso sobre como esta área poderia ser desenvolvida no Brasil. Assim, partindo da premissa de que no cenário internacional o termo é mais estudado que no Brasil, este estudo tem como objetivo: 1) aprofundar o conhecimento sobre o tema; 2) verificar em alguns livros de Custos, de Contabilidade Gerencial e de Controladoria o que vem sendo abordado em termos de práticas consideradas como Práticas de Contabilidade Estratégica; e 3) comparar a freqüência da abordagem destas práticas nos livros nacionais e internacionais em cada disciplina e no seu conjunto. Para a coleta de dados foram analisados os 57 livros sobre o assunto, levando em consideração a classificação dos livros mais vendidos por uma grande rede de livrarias. Os resultados mostraram que nenhum livro aborda a totalidade das práticas de Contabilidade Estratégica sendo que apenas algumas delas são abordadas nesses livros. Os livros de Contabilidade de Custos apresentaram maior quantidade de abordagens que os de outras áreas e, na comparação entre os livros Nacionais e Internacionais, as práticas foram encontradas com maior freqüência nestes do que naqueles.

Palavras-chave: Ensino, Contabilidade estratégica, Controladoria, Práticas de contabilidade estratégica.


STRATEGIC ACCOUNTING EDUCATION: PRACTICES ADDRESSED BY BRAZILIAN BOOKS AND INTERNATIONAL

Abstract: Strategic Accounting is an emerging field in both national and international scenario and there is no agreement about how this field could be developed in Brazil. Based on the understanding that the term is studied more in the international scenario than in Brazil, this study aims to: 1) increase knowledge on the subject, 2) verify in Cost Accounting, Management Accounting and Controlling literature what is being considered as Strategic Accounting Practices, and 3) compare the frequency with which these practices are broached in national and international literature in each area of study and in the area of study as a whole. For the data collection procedure, 57 books related to the issue were analyzed, taking into consideration the bestselling books of a large bookstore network. The results presented that none of the books selected for this study addressed the totality of Strategic Accounting Practices and only some of these practices have been addressed on each of them. There are more references to the subject in the Cost Accounting books than in the others and, comparing both National and International publications, National books provide more information in terms of practices than the International publications.

Keywords: Education, Strategic Accounting, Controllership, Strategic Accounting Practices.




Publicado na RIC - Revista de Informação Contábil, Vol. 4, No 3 (2010)

Autores:

-Aracéli Cristina Sousa Ferreira - Doutora em Controladoria e Contabilidade pela USP, araceli@facc.ufrj.br

-Alessandro Pereira Alves - Mestrando em Ciências Contábeis pela UFRJ, alessandropalves@yahoo.com

- Tatiane Gomes Silva - Mestranda em Ciências Contábeis pela UFRJ, tatianegsilva@gmail.com

domingo, 24 de outubro de 2010

Apresentação: uma descrição da situação atual da implantação da Linguagem XBRL

Evento: FACC/UFRJ, I Congresso Nacional de Administração e Ciências Contábeis – AdCont 2010
Local: Universidade Cândido Mendes - Centro - Rio de Janeiro


Sala: Sala 3

Data: 27-10-2010, 11:00 AM – 01:00 PM

Resumo
A tecnologia da informação possibilitou que fossem dadas novas abordagens às transações e análises econômicas e financeiras das empresas, com a introdução de novas ferramentas para a contabilidade. Nesse contexto, a linguagem XBRL (eXtensible Business Reporting Language) surgiu como um padrão universal para a organização de dados financeiros, destinando-se, principalmente, à comunicação de informações contábeis pelas companhias aos seus diversos públicos de interesse. Em decorrência do conhecimento limitado sobre essa linguagem, o presente estudo consiste numa pesquisa exploratória, utilizando-se de revisão bibliográfica, e tem como objetivo geral destacar os seguintes aspectos sobre a linguagem XBRL: a) apresentar seu conceito e suas definições técnicas; b) descrever sua evolução no Brasil e no exterior; c) apresentar suas vantagens e desvantagens; e d) expor aplicações práticas de seu uso. Dessa forma, este trabalho busca contribuir com a disseminação do conhecimento sobre a linguagem XBRL, sob o ponto de vista contábil, propiciando um melhor entendimento de seu conceito, seu funcionamento e sua utilização na comunicação de informações contábeis pelas instituições privadas e públicas. Observa-se que através dos estudos já realizados e das experiências obtidas em outros países, a adoção da linguagem XBRL pode trazer muitas vantagens em relação ao método tradicional de divulgação das demonstrações contábeis.

Autores:
Paulo Roberto Clemente Marques Bomfim, Rodrigo Santana de Almeida, Verônica Andréa Lima Gouveia, José Augusto Veiga da Costa Marques, Alessandro Pereira Alves.

FACC/UFRJ, I Congresso Nacional de Administração e Ciências Contábeis – AdCont 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Em violenta favela, polícia brasileira tenta um toque de cortesia

Qui, 21 Out, 04h26

RIO DE JANEIRO - Leonardo Bento ansiava por vingança depois que um policial matou seu irmão, cinco anos atrás.

Assim, quando ouviu que a nova "polícia da paz" na favela Cidade de Deus estava oferecendo aulas gratuitas de caratê, Bento se matriculou, esperando ao menos conseguir espancar o instrutor de luta. Mas o inesperado aconteceu.

Eduardo da Silva, o instrutor da polícia, o recebeu com bom humor e um aperto de mão.

"Comecei a perceber que o policial na minha frente era apenas um ser humano, e não o monstro que eu pintava em minha cabeça", disse Bento, de 22 anos.

Anos de ódio e desconfiança estão sendo apagados em algumas das favelas mais violentas do Rio. Obrigadas a reduzir as preocupações com a segurança antes de dois eventos internacionais na cidade - a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 -, as autoridades do Rio embarcaram num ambicioso plano para retirar o controle das favelas dos implacáveis grupos de traficantes, que há anos as comandam com armas poderosas e um terror abjeto. Os policiais pacificadores são essenciais para esse esforço.

Eles entram em ação depois que a polícia militar limpa as ruas em batalhas armadas que chegam a durar semanas. Seu trabalho se divide em policiamento tradicional e trabalho social. Eles se dedicam a conquistar moradores acostumados a décadas de violência - inclusive pelas mãos da polícia. E as dicas dadas por aqueles que apoiam seus esforços, segundo as autoridades, ajudam-nos a manter uma relativa paz.

Durante décadas, a Cidade de Deus - cujo passado brutal foi imortalizado num filme de 2002 - foi uma das regiões mais temidas da cidade, tão perigosa que até mesmo a polícia raramente se atrevia a entrar. Aqueles dias parecem nunca ter existido.

O tráfico de drogas permanece, e em pelo menos uma área, pessoas de fora podem entrar somente com a permissão de jovens locais que patrulham as ruas. Mesmo assim, esses homens com armas assustadoras foram embora, ou ao menos empurrados para esconderijos. E a vida está retornando às ruas. Hoje as crianças brincam ao ar livre sem medo de balas perdidas. Elas pulam corda e jogam tênis de mesa com raquetes feitas de tacos de piso.

Partidas de futebol, antigamente violentas, se tornaram mais civilizadas, com policiais ocasionalmente participando dos jogos.

Mas quase dois anos após a chegada das novas unidades policiais, muitos moradores desta comunidade de 120 mil pessoas ainda lutam para aceitar que os 315 policiais trabalhando em turnos de 12 horas não representam mais o inimigo. Outros dão as boas-vindas com hesitação, temendo que a força policial - anteriormente chamada de "unidades da polícia pacificadora" - deixará o local assim que as olimpíadas terminarem.

"Ninguém gosta de nós por aqui", afirmou o oficial Luis Pizarro durante uma recente patrulha noturna. "Isso algumas vezes pode ser frustrante".

Pizarro e dois colegas patrulhavam ao longo de um estreito riacho repleto de lixo exalando um forte cheiro de dejetos humanos e animais. Famílias se reuniam ao redor de fogueiras improvisadas. Mulheres sambavam enquanto os homens bebiam cachaça. Quase ninguém acenava ou cumprimentava os policiais, que caminhavam por uma viela coberta pelo papel colorido usado para empacotar crack e cocaína.

"Lá vai o esquadrão de elite", disse um homem numa soleira, rindo enquanto os três passavam.

A hostilidade não é difícil de entender. Durante décadas, autoridades do governo se recusaram a assumir responsabilidade pelas favelas, e à medida que os traficantes acumulavam estoques de armamentos, a polícia via mais dificuldades em entrar sem tiroteios.

Os moradores se ressentiam da polícia por abandoná-los, e a odiavam pela brutalidade que marcava suas sangrentas incursões. Sem uma presença policial diária, os serviços sociais sofriam, e médicos e outros profissionais começaram a evitar as favelas por razões de segurança. Os líderes do tráfico se tornaram juiz e júri.

"Os moradores não tinham a coragem para retomar as favelas", segundo Jose Mariano Beltrame, que assumiu como secretário de segurança pública do Rio em 2007.

"As pessoas preferiam varrer o pó para debaixo do tapete e evitavam enfrentar o problema".

As favelas raramente se renderam sem luta. Pelo menos oito pessoas morreram na Cidade de Deus em 2008, nas primeiras incursões da polícia. Essas batalhas devem se tornar mais frequentes à medida que a polícia atingir novas regiões.

Até agora, foram instaladas 12 unidades pacificadoras, cobrindo 35 comunidades. Mas Beltrame pretende estabelecer unidades em 160 comunidades até 2014, inclusive em favelas como a Rocinha e Complexo do Afonso, que são maiores que Cidade de Deus. Mesmo com violentos desafios à frente, muitos moradores do Rio torcem pelo programa.

Dilma Rousseff, atual candidata à presidência do Brasil, propôs expandir o modelo a outras cidades. Milhões de dólares em doações, de empresas como a Coca-Cola e do bilionário Eike Batista, pagam por coisas como equipamentos policiais.

Beltrame disse que seu principal objetivo era livrar as ruas das "armas de guerra", e não necessariamente acabar com o narcotráfico. Ele também está trabalhando para diminuir a corrupção policial, que contribui tanto para violência quanto para a postura desconfiada dos moradores.

Muitos dos policiais da paz são intencionalmente recrutados logo que saem da academia de polícia, antes que sejam seduzidos pela receptação de dinheiro do tráfico para complementar seus salários relativamente baixos.

Mesmo assim, está claro que a presença da polícia mudou as vidas para melhor na Cidade de Deus.

Funcionários públicos prestando serviços hoje podem entrar mais livremente. A frequência nas escolas aumentou, com um ensino médio apresentando um crescimento de 90% nos índices de presença desde a chegada da polícia à comunidade. Caminhões de terra fazem a dragagem do rio sujo e estreito, e caminhões de lixo fazem a coleta três vezes por semana.

A polícia também realizou mais de 200 prisões desde que retomaram a Cidade de Deus, e o crime caiu: seis homicídios no ano passado, frente a 34 em 2008. A maioria dos moradores está grata, embora alguns digam que algo intangível tenha sido perdido - um certo espírito de liberdade.

O capitão Jose Luiz de Medeiros, que lidera a unidade policial na Cidade de Deus, disse estar construindo uma força para o longo prazo, e trabalhando duro para conquistar a confiança dos residentes.

Cerca de 12 policiais visitaram recentemente uma nova creche, girando chupetas com os dedos enquanto as crianças brincavam com seus comunicadores e se penduravam em suas pernas e coldres. Alguns dos policiais foram liberados da patrulha para dar aulas de violão, piano e inglês. Da Silva, o instrutor de caratê, é um dos que hoje leciona em tempo integral.

Bento, que se inscreveu na aula depois da morte de seu irmão, conta ter pensado em se juntar aos traficantes para ter acesso a armas. Mas desde que conheceu da Silva, mudou de ideia e hoje tenta ajudar outros moradores a vencer seu medo da polícia.

Da Silva afirmou entender a cautela das pessoas. "É impossível que eles esqueçam seu passado", disse ele. "Tudo que posso fazer é mostrar que eu estou aberto a eles".

Para demonstrar seu argumento, ele vem para Cidade de Deus desarmado e sem colete à prova de balas. "A força não cria paz", disse ele. "Ela pode inspirar respeito, mas não confiança".



© 2010 New York Times News Service Tradução: Pedro Kuyumjian

Fontes: http://www.nytimes.com/
 http://br.noticias.yahoo.com/s/21102010/84/mundo-violenta-favela-policia-brasileira-toque.html

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A ICPC 01 - Contratos de Concessões: será que vai pegar?

Estive pesquisando sobre a adoção da Interpretação Técnica - ICPC 01 que trata dos contratos de concessões por parte das empresas concessionárias brasileiras e, até agora o que percebi é que parece haver uma certa rejeição pelas Agências Reguladoras em atender as determinações da Interpretação. Foram pesquisadas cerca de 120 empresas de diversos setores regulados, como Concessões de Rodovias, Energia Elétrica, Telecomunicações entre outros e, até o momento nenhuma antecipou a adoção da ICPC 01. Em alguns casos verificou-se que existem divulgações em notas explicativas por parte das empresas confirmado que pode ser aplicáveis a elas, mas devido a complexidade das possíveis alterações na estrutura patrimonial, essas empresas ainda estão avaliando os impactos e relatam que no cenário atual  não é possível quantificar com segurança os esses impactos.
A CVM diz que essa adoção é obrigatória a partir do exercício findo de 2010 e que as empresas devem elaborar as demonstrações com a nova regra desde 1º de janeiro de 2010 e ajustar as demonstrações de 2009 para efeitos comparativos. Todavia, o que se vê até o momento é que provavelmente isso nao vai ocorrer para 2010, possivelmente só a partir de 2011.
Na Comunidade Européia a IFRIC 12 que é o equivalente (parcialmente) a ICPC 01 no Brasil, foi editada em 2006 e só entrou em vigor em 2008. Ainda assim, muitas empresas só iniciaram a sua adoção em 2009 e outras ainda nem começaram. No caso do Brasil, a interpretação foi EDITADA pelo CPC em Novembro de 2009 e DELIBERADA pela CVM e pelo CFC em Dezembro de 2009, ou seja, o tempo é muito curto para que as empresas possam aderir ainda em 2010.

Conversando com alguns colegas de auditoria tive a confirmação de que só agora as empresas concessionárias estão iniciando a contratação de consultoria para saber dos impactos da adoção dessa nova regra, isto é, se conseguirem quantificar esses impactos agora, vão divulgar em notas explicativas em 2010 para só começarem o processo de adoção para 2011 ou 2012...

Em suma, penso que a discussão está só começando...

Quaisquer novidades, não esqueçam de me contar.
Abcs

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A França ainda resiste à convergencia contabil

Por Adam Jones

Após uma década na supervisão dos padrões contábeis internacionais, David Tweedie tornou-se estudante amador de psicologia francesa.
O escocês confrontou-se várias vezes com a França como chefe do Conselho de Normas de Contabilidade Internacional (Iasb, na sigla em inglês), o órgão que elabora as Normas Internacionais de Demonstrações Financeiras (IFRS), as regras contábeis seguidas na União Europeia e em vários outros países, como o Brasil.
A fascinação por seu adversário é tanta que, recentemente, ele jogou em minhas mãos um estudo acadêmico intitulado "França e o modelo 'Anglo-Saxão': Perspectivas Contemporâneas e Históricas". O artigo explora a hostilidade sentida frequentemente na França em relação à forma britânica e americana de se fazer negócios.
Embora o tom seja acadêmico, havia algo perturbador em ver Tweedie brandindo o estudo durante a entrevista. Mas também há bons motivos pelos quais a França continua sendo razão de preocupação para a mentalidade do Iasb, cuja sede fica em Londres.

No início de 2010, um novo órgão nacional de padrões contábeis, o ANC, foi criado a pedido da ministra das Finanças da França, Christine Lagarde. No fim de julho, o órgão divulgou que iria resistir ao que via como um foco excessivo do Iasb nas necessidades dos investidores de curto prazo nas novas regras que estava elaborando.

Além disso, o ANC criticou a forma quase independente como o Iasb é administrado, eriçando-se com a carga de trabalho exigida pela meta potencialmente quixotesca de harmonizar os IFRS com os padrões dos Estados Unidos em junho de 2011 - um projeto que já teve de ser encolhido.

Para entender melhor até que ponto Paris tentará agora purificar o programa de revisão do IFRS do que vê como excessos anglo-saxões, fui me encontrar com Jérôme Hass, diretor do ANC, em seu descuidado escritório em Paris, perto da Gare de Lyon.

Formado na École Nationale d'Administration, a escola de aperfeiçoamento para os servidores públicos de elite na França, Haas declarou que as contas das companhias não são apresentadas apenas para os investidores. Ele também não acredita que a ascensão da Ásia signifique que a Europa precise se resignar a ter menos influência sobre as normas contábeis internacionais.

Haas é cauteloso no que se refere a quanto da retórica do ANC pode realmente acabar em alguma ação. Mas ele deu algumas pistas sobre quais serão as batalhas.

A contabilidade do arrendamento, por exemplo, é uma área em que a França continua sem se convencer da necessidade de mudança. O Iasb e o Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb), encarregado das normas nos EUA, propuseram em agosto uma reforma sincronizada do sistema de contabilidade de arrendamento, que permite a algumas companhias deixar grandes dívidas fora de seus balanços patrimoniais.

A mudança poderia deixar algumas companhias tecnicamente em infração das condições de seus empréstimos e vem sendo criticada por muitas grandes empresas, especialmente do varejo.

Enquanto os protestos da Tesco nunca tiveram chance de mudar a política de não intervenção do governo do Reino Unido para que fizesse lobby em seu nome, o ANC da França está atuando como um amplificador das preocupações mostradas por nomes como a PPR, o grupo varejista e de bens de luxo.

Reescrever as regras contábeis das operações de "hedge" - uma área em que os bancos franceses estiveram entre os beneficiados por uma polêmica exceção em 2004 - também poderia produzir explosões.

A exceção supostamente seria temporária. Continuará em vigor? Parece possível, mesmo que isso possa minar a reivindicação do IFRS de formar um sistema igual para todos.

No front da governança, as sensibilidades francesas também provavelmente serão um fator em determinar quem sucederá Tweedie no comando do Iasb quando se aposentar no fim de junho de 2011.

À medida que o processo de seleção se aproxima do fim, os rumores indicam que o favorito é Ian Mackintosh, nascido na Nova Zelândia e que usa passaporte australiano, atualmente presidente do Conselho de Padrões Contábeis, o órgão nacional de contabilidade do Reino Unido.

Caso realmente assuma o cargo e queira uma relação menos explosiva com Paris, ele faria bem em ressaltar suas credenciais oceânicas em vez das anglo-saxônicas.

Valor Econômico

Fonte: Revista Contábil & Empresarial Fiscolegis, 04 de Outubro de 2010

O risco da maquiagem contábil: O caso da Petrobrás

É parte da crônica dos efeitos da crise mundial no Brasil o uso feito pelo governo do impacto recessivo vindo de fora para abrir as torneiras dos gastos públicos de forma temerária. Uma ação correta, anticíclica, mas usada de maneira equivocada, para obter resultados de curto prazo e na forma de polpudos dividendos eleitorais: aumentos generosos para o funcionalismo, de aposentadorias e gastos assistenciais, em decorrência da elevação real do salário mínimo.

Preferiu-se dar prioridade às despesas de custeio, fáceis de executar, embora se eternizem. Se e quando houver necessidade de conter despesas, o engessamento orçamentário será um problema mais grave do que já é. Não há este risco nos investimentos públicos em infraestrutura, área sem dúvida carente. Estes, porém, requerem uma agilidade administrativa inexistente em Brasília. Optou-se pela via mais fácil, sem preocupação com o futuro. O governo apressou-se, também, a capitalizar bancos estatais (BNDES, Caixa Econômica), a fim de usar a ferramenta do crédito para conter as ondas de propagação recessivas criadas pela quebra histórica do sistema bancário americano em setembro de 2008. Tudo dentro dos manuais técnicos. Porém, como no caso das despesas, executado por via oblíqua. No BNDES foram injetados R$ 180 bilhões, num primeiro momento, captados pelo lançamento de títulos do Tesouro. Como os recursos foram "emprestados" ao banco, eles não aparecem na dívida pública líquida, só na bruta. Como a relação da dívida líquida com o PIB é o principal indicador utilizado para medir a solvência do setor público, ficou evidente a intenção de maquiar o índice.

E não houve qualquer referência clara por parte das autoridades ao fato de que este tipo de operação embute um pesado subsídio pago pelo contribuinte, devido à diferença entre os (elevados) juros pagos pela União ao se endividar e a (baixa) taxa cobrada pelo BNDES aos clientes.

O estojo de maquiagem contábil do governo não parou mais de ser utilizado, com a deterioração do superávit primário, inexorável diante da gastança reinante. A criatividade desmedida no embelezamento das contas públicas deu novamente o ar da graça na intrincada capitalização da Petrobras, feita, por parte da União, pela cessão onerosa de 5 bilhões de barris à estatal. Os alquimistas da contabilidade pública engendraram uma operação pela qual mais títulos são emitidos, para injetar recursos no BNDESPar, que irá subscrever uma parcela das novas ações da estatal, em nome da União. Numa conta de chegar com o valor estimado dos tais 5 bilhões de barris, a estatal ficará "devendo" cerca de R$ 30 bilhões ao Tesouro, cifra a ser registrada no superávit primário. Quer dizer, criou-se dinheiro do nada, de fumaça, para permitir que o superávit se aproxime de 3% do PIB, apenas 0,3 ponto percentual abaixo da meta. Na vida real dos fluxos financeiros, ele será bem menor que isto.

É mau negócio tentar enganar agentes do mercado. A perda de qualidade das informações sobre a contabilidade pública apenas fará com que aumente a percepção do risco Brasil. Se o laboratório de alquimias continuar a funcionar, em algum momento os juros subirão, em prejuízo do crescimento da economia. Falta de transparência e esperteza são ingredientes explosivos em política econômica.


O Globo Online

FONTE: Revista Contábil & Empresarial Fiscolegis, 04 de Outubro de 2010

terça-feira, 14 de setembro de 2010

CONTABILIDADE PARA GESTÃO TECNOLÓGICA ou TECNOLOGIA PARA GESTÃO DA CONTABILIDADE?

Por Alessandro Alves

Nos últimos anos, a concorrência internacional nos mercados interno e externo tem cada vez mais desafiado a economia mundial, ameaçando a segurança de emprego a longo prazo e a prosperidade dos trabalhadores. O declínio da competitividade industrial em alguns países estimulou os esforços para encontrar maneiras de restaurar a liderança nos mercados mundiais. A partir do momento em que o declínio de algumas indústrias é amplamente percebido como sendo resultado não de uma incapacidade de desenvolver novas tecnologias, mas por causa da incapacidade de gerir a tecnologia disponível em uma forma eficiente no tempo necessário, tem-se que um componente fundamental desse esforço é melhorar a gestão da base tecnológica.

Entendendo que a tecnologia desempenha um papel fundamental na interação do indivíduo, sociedade e natureza, o possível perceber que avanços tecnológicos têm efeitos importantes sobre cada uma dessas personalidades que por sua vez são influenciados por elas. Desta forma, a Gestão da Tecnologia envolve a compreensão dessas relações e lida com elas de uma forma racional e eficaz.

Nesse sentido, a Gestão da Tecnologia é uma grande promessa para enfrentar a competitividade não só no setor de fabricação, mas também no setor de serviços. Como uma disciplina acadêmica, a Gestão da Tecnologia é um campo emergente, mas distinto de ensino e pesquisa. A proliferação de cursos e programas em diversas áreas da graduação das principais instituições de ensino com interesse em buscar a formação profissional em Gestão de Tecnologia são reflexo de uma crença generalizada nas potenciais aplicações de gestão de tecnologia.

Todavia, o que se percebe atualmente é que mais uma vez a ciência contábil está “galopando” (pra não dizer “caminhando”) atrás dessa nova “emergência nacional”. Na literatura de hoje percebe-se que existem muitos trabalhos ou pesquisas que procuram tratar o tema no sentido de buscar como a tecnologia tem impactado na contabilidade ou procurando saber o que acontecerá com a ciência com a chegada da informática. Como apresentado pelo prof. Miranda (2008)[1], que com o advento da tecnologia da informação (TI) especialistas na área de negócios afirmavam que os contadores seriam desnecessários. Este boato, como tantos outros, foi desmentido pela realidade. Houve uma transformação que levou à mudança de paradigma da profissão devido a convergência das normas contábeis e da utilização da TI como uma poderosa ferramenta que facilitou o trabalho dos contadores, dando mais tempo para que pudessem pensar na gestão dos negócios e poupando o tempo demandado na execução de tarefas de cunho prático e operacionais pouco voltadas para a análise da empresa.

Mas, será que os profissionais, especialmente os que trabalham em escritórios, estão realmente pensando na gestão empresarial? Ou será que estão aproveitando essa facilidade da TI para obter um maior número de clientes e aumentar o seu faturamento?

Ademais, é importante perguntar o que esses profissionais têm realizado para melhorar o desempenho da produção de inovações tecnológicas nas empresas que buscam o desenvolvimento de um produto competitivo.

Será que as ferramentas contábeis são inúteis para as empresas que produzem serviços ou produtos de alta intensidade tecnológica?

Sabe-se que no mundo empresarial atual as tecnologias mais eficientes e eficazes são quem determinam o ganho. Além disso, é conhecido que hoje o inventário tecnológico mundial pode ser obtido através de quaisquer dos vários mecanismos de transferência. A compra e venda de tecnologias são eventos comuns, a tecnologia tornou-se uma mercadoria vendável, que transcende as fronteiras nacionais. A apreciação de um conjunto de tecnologias possíveis, portanto, deve ser incorporado no planejamento estratégico das corporações.

Enquanto as tecnologias se tornam mais sofisticadas, que exigem o compromisso de níveis mais elevados de mão de obra, habilidade e capital os ciclos de vida de produto precisam ser reduzidos, a cooperação institucional no domínio da pesquisa e desenvolvimento (P&D) torna-se um importante mecanismo para a mudança. Acordos entre governo, empresa e universidade para o aumento dos esforços em P&D se tornaram uma importante fonte de progresso científico e avanço tecnológico. A difusão global das capacidades tecnológicas também incentiva cooperação em P&D de empresas entre as diferentes instituições.

Neste contexto, podemos perguntar: “cadê a atuação da contabilidade?” Ela não poderia fazer parte da elaboração do planejamento estratégico realizando avaliações do custo dos competidores, orçamento do valor da marca, custeio do ciclo de vida do produto, realizando a precificação estratégica ou até mesmo realizando avaliações dos competidores baseadas nas demonstrações financeiras publicadas?

Todavia, o que se vê atualmente é a utilização de medidas tradicionais de desempenho que não são úteis e não acompanham o novo modelo de inovação. Métodos de contabilização e avaliação financeira são contra a inovação tecnológica e subestimam o risco de manutenção do status quo. Há uma necessidade de saber até que ponto os métodos atuais têm influenciado na avaliação geral do desempenho econômico e financeiro da nova tecnologia e de suas características específicas, ou seja, os riscos, a qualidade dos processos e produtos, a entrada no mercado, posicionamento competitivo e, a rentabilidade no curto e no longo prazo.

Em suma, ao invés de ficarmos perguntando qual o impacto que tecnologia tem ocasionado na ciência contábil (ou na vida do profissional), poderíamos tentar descobrir como a contabilidade pode impactar para a melhoria do desenvolvimento tecnológico e, talvez descobrir uma melhora no desenvolvimento social e econômico e, por consequência, na qualidade de vida das pessoas.



[1] Informação fornecida pelo professor Dr. Luiz Carlos Miranda em palestra ministrada com o título: “A trajetória e os desafios contemporâneos da Contabilidade” no VII Seminário PIB 2008 do Mestrado em Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ realizada nos dias 13 e 14 de Outubro de 2008 no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Utilizando os Passos da Teoria das Restrições (TOC) para a Melhoria Contínua da Produção: um estudo de caso aplicado a uma fábrica de jeans

Eis mais um artigo aprovado.

Esse teve como objetivo investigar os principais problemas do processo produtivo de uma fábrica Jeans de Petrópolis utilizando as ferramentas da Teoria das Restrições (Theory of Constraints –TOC) desenvolvida pelo físico Eliyahu Moshe Goldratt, que buscam otimizar a produção de uma organização, por meio da identificação das restrições do sistema, minimizando-as ou eliminando-as, a fim de melhorar o seu desempenho global. Os resultados demonstraram que a principal restrição era o excesso de erros no setor de costura. Sugerimos então a utilização das ferramentas citadas como forma de solução para a restrição. Agora, há a necessidade de aplicação, pela empresa, das sugestões propostas, de modo a evidenciar ou não a melhoria nos resultados, especialmente pela atuação direta na produção, eliminando as paradas. A pesquisa é aplicada e exploratória e para proceder ao levantamento foram realizadas entrevistas e visitas a fábrica.
 

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Geradoras investem na elaboração de inventários de GEE

Fonte:  Agência Ambiente Energia
Em, 19/07/2010.

 Com investimentos em fontes alternativas como eólicas, biomassa, solar e eficiência energética, as empresas de energia começam a colocar em marca um verdadeira “revolução tecnológica”, como aponta o recém lançado estudo Perspectivas em Tecnologias Energéticas 2010, da Agência Internacional de Energia, que aponta cenarios e estratégias para 2050. Segundo o estudo, no cenário base, as emissões de CO2 relacionadas à produção de energia, praticamente, duplicam. No cenário Blue, as emissões de CO2 ligadas à geração de energia diminuem 50%. No primeiro cenário, a intensidade diminue para 459 g/kWh, enquando no outro cenário, ela baixa para 67 g/kWh.

A preocupação em reduzir as emissões e entrar no terreno da economia de baixo carbono, aos poucos, entra também na pauta das empresas brasileiras de geração de energia elétrica. É o que mostram as iniciativas tocadas por Cesp, EDP no Brasil, Eletrobras Furnas, Petrobras e Copel, que participam do Programa Brasileiro GHG Protocol. Elas estão na lista das 35 companhias brasileiras que participam do Registro Público de Emissões, estando na dianteira da economia de baixo carbono.

A Cesp, por exemplo, desenvolve há dois anos um trabalho de Inventário de Gases de Efeito Estufa e o Plano de Redução de Emissões, sendo a primeira do setor de energia elétrica a fazer um relatório completo com base no Greenhouse Gas Protocol, em 2008. Como resultado o plano gerou para a empresa, em 2009, redução de 39% no consumo de combustíveis fósseis e de 5,4% no consumo de energia elétrica.

A EDP, que começou a fazer o inventário de emissões há seis anos, aderiu em 2008, como membro fundador, ao Programa Brasileiro GHG Protocol. Neste primeiro registro de emissões, a empresa está enquadrada na categoria Ouro, por divulgar um inventário completo e auditado, que contempla suas diversas operações e as emissões de CO2 provenientes da sua cadeia de valor.

“Esta é uma iniciativa extremamente séria, que exige práticas de gestão rigorosas e muita transparência na prestação da informação. Participar do programa constitui uma demonstração concreta do compromisso com a adoção de ações necessárias para lidar com a questão das alterações climáticas”, afirma António Pita de Abreu, diretor-presidente da EDP no Brasil.

Outro bom exemplo é a Eletrobras Furnas, que concluiu em 2008 o Projeto Balanço de Carbono, que fez um diagnóstico do nível de emissões de carbono dos reservatórios de oito usinas hidrelétricas do seu parque gerador, além de ter identificado as rotas de ciclo de carbono e os fatores ambientais relacionados a este processo. O trabalho também gerou contribuições para uma linha de ação do Sistema Eletrobras, a partir da criação do Grupo de Trabalho sobre Emissões de Gases do Efeito Estufa (GT3). Uma de suas tarefas é elaborar e atualizar inventários de GEE.

O trabalho destas empresas na busca por reduzir suas pegadas de carbono será tema do 1º GHG Protocol Energia – Práticas com Inventários de Emissões de GEE no Setor de Energia, que o Portal Ambiente Energia promoverá no dia 19 de agosto, no Rio de Janeiro. O objetivo é contribuir para a disseminação deste conhecimento e troca de experiência entre as empresas brasileiras de energia, ajudando-as a preparar seus futuros inventários de emissões de GEE, além de contribuir para a difundir os conceitos e metodologias do GHG Protocol. O evento já conta com o apoio do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE), da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE) e da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine).

domingo, 11 de julho de 2010

Aneel discute limites de DEC e FEC para distribuidoras

São Paulo, 07 de Julho de 2010 - 18:07

Fonte: Jornal de energia
Agência abre consulta pública para aperfeiçoar metodologia

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu consulta pública nesta segunda-feira (5/07) para receber constribuições com o objetivo de aperfeiçoar a metodologia de definição dos limites de interrupções no fornecimento para as distribuidoras de energia. Os interessados poderão mandar sugestões, somente por escrito, até 23 de agosto.

A consulta vai subsidiar as decisões relativas aos indicadores de duração equivalente de interrupção por unidade consumidora (DEC) e frequência equivalente de interrupção por unidade consumidora (FEC). Após o processo, a Aneel vai apresentar um texto com a proposta de metodologia, seguido por perguntas para expôr a matéria para a sociedade.

De acordo com a agência, os principais assuntos abordados na consulta são: definição dos atributos das distribuidoras, agrupamentos das distribuidoras, definição dos atributos dos conjuntos de unidades consumidoras, agrupamentos dos conjuntos e definição dos limites de DEC e FEC dos conjuntos. Todos os dados utilizados, assim como os resultados obtidos, serão disponibilizados na consulta.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Botas geram energia e recarregam celular

Calçados que aproveitam a diferença entre o calor dos pés e o frio do chão para gerar energia serão lançados durante festival de música na Inglaterra

Vanessa Barbosa, de EXAME.com, em : 21/06/2010

São Paulo - Um par de botas especiais promete fazer mais do que manter os pés de seus donos protegidos e aquecidos - ele vai poder recarregar o celular também. Chamado de Orange Power Boot, o modelo turbinado é capaz de transformar o calor dos pés em correntes elétricas.

Doze horas andando, dançando ou realizando qualquer outra atividade com as botas podem gerar energia térmica suficiente para fornecer o equivalente a uma hora de carga para um celular.A capacidade de recarga é diretamente proporcional à quantidade de movimento realizada e ao calor gerado no interior das galochas.

Um sistema instalado na sola aproveita a diferença térmica entre os pés e o chão para gerar energia por um processo conhecido como efeito seebeck. No interior da sola, existem módulos termoelétricos compostos de materiais semicondutores presos por placas finas de cerâmica.

Quando o calor da pele e o frio exterior atingem essas placas, a eletricidade é gerada. Depois, é só conectar o celular na saída de energia - um espaço próprio nas botas para encaixe do aparelho (veja na foto abaixo).

Desenvolvidas pela empresa inlgesa de design e comunicação Orange em colaboração com especialistas em energia renovável da GotWind, as galochas serão apresentadas ao público no festival britânico de Glastonbury, o maior festival de música do mundo a céu aberto, entre os dias 23 e 27 deste mês.

Kit Geladeira pode diminuir o consumo de energia residencial

Por Isabel Gardenal, do Jornal da Unicamp.

Uma simples geladeira é responsável por cerca de 30% dos gastos mensais das famílias brasileiras com energia elétrica. Mas uma solução doméstica foi pensada na Universidade para diminuir este custo. A dissertação de mestrado de Mirko Chávez Gutiérrez, apresentada recentemente à Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), levou ao desenvolvimento de um dispositivo para a condensação evaporativa em refrigeradores domésticos, uma vez que estes dissipam o calor para o ar do ambiente. O resultado dos testes mostrou que foi possível economizar a energia elétrica residencial. O trabalho de Gutiérrez sugere para isso o uso de um “kit geladeira” que permite funcionar de forma muito similar ao industrial. Os condensadores evaporativos são apenas utilizados atualmente em sistemas de refrigeração de maior porte, como por exemplo em câmaras frigoríficas.
Esse kit é composto basicamente de um reservatório, de uma pequena bomba hidráulica e de um tubo de PVC, para circulação e distribuição de água. “O reservatório precisa se encaixar à recepção da água que está caindo, a fim de que possa ser bombeada novamente”, acentua o professor Vivaldo Silveira Júnior, orientador da pesquisa de mestrado. Ele considera que, se o dispositivo for levado à escala comercial, poderá se tornar mais adaptável e ganhar um design arrojado que acomodará melhor o sistema externo, embora já hoje, a partir desta pesquisa, possa ser aplicado a qualquer refrigerador, mesmo os mais antigos.

Dependendo do interesse das empresas montadoras, o kit será facilmente implementado a um baixo custo e com a eficiência que o Brasil requer, opina Silveira Júnior. Com os dados obtidos nesta pesquisa, garante, a economia no consumo global de energia elétrica residencial chegaria a um patamar de 5%. “O resultado seria mais encorajador do que o obtido no horário de verão, que ficou entre 3% e 4%”, relembra.

Gutiérrez, que é engenheiro de alimentos graduado pela Universidade Católica de Arequipa, Peru, buscou em seu projeto inspiração na geladeira, isso porque ela é utilizada por 96% das famílias brasileiras e é uma das vilãs no consumo de energia elétrica (o chuveiro ainda figura como o primeiro colocado). Segundo o pesquisador, existem no Brasil poucas iniciativas efetivas que visem à economia energética nestes equipamentos. O condensador evaporativo, ao contrário, provou ser uma estratégia viável, pois a tecnologia já era empregada com sucesso na indústria, ainda que sem aplicações domésticas.

Na prática, esse condensador promove a transferência de calor para a água de resfriamento. A sua função é transferir calor do gás circulando por dentro dos tubos do sistema de refrigeração para a água, que os molham no lado externo. “Quisemos, portanto, aliar esta necessidade a uma tecnologia que possui uma aplicação industrial já atestada”, destaca o engenheiro de alimentos.

Ele trabalhou adaptando uma tecnologia de porte industrial, traduzindo-a para uso doméstico, no caso as geladeiras. A solução foi possível nos testes, e os experimentos se embasaram em normas brasileiras. “Escolhemos a geladeira antiga porque é certo que o seu consumo será maior. Foi uma forma de testar o experimento na pior situação”, conta, mas reconhece que, quanto mais passa o tempo, as montadoras têm melhorado o sistema de refrigeração e de isolamento dos novos refrigeradores. “O nosso trabalho inclusive ajudaria muito esse processo”, sinaliza Gutiérrez.

Ainda durante os testes, utilizaram-se diferentes condições de temperatura de ensaios para todas as regiões do país. Foram feitos experimentos em temperaturas ambientais baixas, como acontece no Sul (17 e 18ºC), e em temperaturas altas (32ºC), como no Nordeste. O equipamento mostrou-se eficientemente, de acordo com o pesquisador, em todos os arranjos de temperaturas.

Essa técnica adaptada deve “cair nas graças” da indústria, na avaliação do pesquisador, justamente por este favorecimento da água em promover a troca térmica neste local, onde de fato precisa haver dissipação de calor para adequar o ciclo termodinâmico da geladeira. Para facilitar a sua dissipação, a água é circulada sobre o condensador. Ela evapora e troca calor mais facilmente neste local. Este favorecimento do sistema de refrigeração da geladeira como um todo mantém internamente sua operação normal e com melhor eficiência durante a troca térmica.

“Conseguimos inovar em termos de aplicação. Falta agora buscar uma parceria com alguma empresa que se interesse pela proposta, como as grandes fabricantes de refrigeradores. Seria uma contribuição para a eficiência energética, já que no momento precisamos encontrar meios de economizar energia e realizar o mesmo trabalho. A isso chamo eficiência energética”, diz Silveira Júnior.

Eficiência – Ainda que esse dispositivo tenha um custo, ele foi concebido para atender a uma demanda social. “Não queríamos que o custo fosse elevado. O investimento inicial no kit é de apenas R$ 40,00 aproximadamente, por equipamento. Considerando que é uma tecnologia inovadora e de fácil aplicação, nota-se que ela tem tudo para impactar positivamente a comunidade em geral com o apelo de conseguir uma melhora do desempenho energético e de gerar uma poupança em famílias de qualquer parte do Brasil.”

Agora a ideia do engenheiro de alimentos é combinar outros benefícios com este dispositivo em refrigeradores. “O sistema oscila menos e o compressor enfrenta menor tempo de parada e de partida. Além disso, mesmo do ponto de vista dos alimentos e de sua conservação, ele é desejável para manter uma temperatura mais uniforme dentro do gabinete da geladeira”, comenta Gutiérrez. Pelo fato de ter uma temperatura com menores oscilações, os alimentos na geladeira alcançam um maior tempo de conservação.

Quanto à melhora de desempenho do sistema de refrigeração, foram efetuados cálculos para entender o que significam esses 15% que, à primeira vista, não dão a sua dimensão exata. Contudo, levando em conta um custo de tarifa de R$ 0,331/kWh, que normalmente é a tarifa praticada pelas concessionárias de energia, ele representaria uma economia financeira mensal de R$23,44, segundo testes comparativos desenvolvidos na FEA com um refrigerador com e sem o dispositivo proposto. “É uma economia considerável para uma conta residencial. Trata-se de um serviço de utilidade pública e uma forma de economizar energia de maneira eficiente”, expõe o pesquisador. Soma-se a isso a vantagem de o sistema trabalhar sem exigir grandes modificações no seu funcionamento.

Segundo o autor da pesquisa, o governo brasileiro não tem sido omisso em buscar maneiras de melhorar a eficiência energética, contudo suas estratégias atuais baseiam-se na troca de refrigeradores. “As concessionárias trocam os refrigeradores mais antigos, devido ao seu maior consumo em relação aos atuais. Esta estratégia é apenas uma substituição”, afirma. “Se alcançarmos a massificação do dispositivo estudado, será uma estratégia mais agressiva do que apenas substituir um equipamento por outro, sendo que este procedimento pode representar novos problemas ambientais. A nossa contribuição poderia ser maior neste caso.”

Equipamentos eficientes, alimentos mais conservados - O Departamento de Engenharia de Alimentos (DEA) da FEA tem demonstrado, ao longo dos anos, preocupação com os processos de conservação de alimentos e também com os equipamentos responsáveis para que isso aconteça. No caso do presente estudo, Gutiérrez trabalhou inicialmente com os equipamentos de refrigeração em prol do produto, que é a conservação dos alimentos, e que, por sua vez, chega aos gastos de energia, podendo gerar um custo menor para o produto conservado.

O DEA tem, assim, duas óticas: a de olhar pelo lado do produto e a de olhar pelos equipamentos. Ele ainda produz pesquisas sobre os princípios de funcionamento dos equipamentos e os processos de conservação ou secagem de produtos para esta maior conservação. Enfatiza igualmente o desenvolvimento dos secadores ou processos de extração de essências. “São várias linhas que se dedicam aos fenômenos que acontecem, interpretando-os e otimizando as suas condições de processo”, expõe Silveira Júnior que, além de responsável pelo Laboratório, é diretor-associado da FEA.