É crescente o número de empresas que demonstram preocupação em preservar o meio ambiente. De fato, corporações que respeitam o planeta, reduzindo o impacto causado na natureza, lucram de diferentes maneiras. Primeiro, por serem bem-vistas no mercado, tanto por consumidores diretos quanto por investidores, segundo, por atingirem uma significativa diminuição de custos. A Contabilidade Ambiental é o caminho para a apresentação desses dados.
O professor de Direito Ambiental da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e também de Campinas, Luís Fernando de Freitas Penteado, comentou alguns dos benefícios e dos pontos chaves da Contabilidade Ambiental. “É necessário compreender que essas questões agregam valores para a empresa. Atualmente, quando falamos em meio ambiente, falamos em uma produção mais limpa, em ecoeficiência”, disse. A Contabilidade Ambiental ainda não é quesito obrigatório na apresentação das demonstrações contábeis. “Não temos a obrigação de inserir e trazer a público essas informações. Ainda é muito difícil definir, por exemplo, quanto vale a preservação de uma área da Mata Atlântica, já que não há uma fórmula definida. Hoje, é complicado mensurar valores que realmente expressem o patrimônio ambiental da empresa (reunião dos ativos e passivos)”, comentou Penteado.
Essa área da Contabilidade teve início e foi conquistando notoriedade na década de 90, mas os estudos mais específicos sobre serviços ambientais começaram há cerca de cinco anos e, para o professor, devem prosseguir. “É um tema em evolução contínua, que tem que ser aprimorado. No dia a dia, ainda surgem muitas questões e dúvidas, alguns princípios que eram considerados ontem, hoje passam a ser ultrapassados”.
Carbon Finance – Esse é um dos temas que serão bastante discutidos na Gestão Ambiental das Empresas. No Brasil, é conhecido como Crédito de Carbono, um sistema de compensação da emissão de gases que produzem o efeito estufa (um crédito carbono adquirido equivale a uma tonelada de dióxido de carbono despejado na atmosfera e que será compensado).
“O Canadá está bastante adiantado nessa questão. Já no Brasil, houve a iniciativa da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) junto às empresas e estas começaram a apresentar, não balanços, mas inventários contendo esses dados. Após a publicação dessas informações, aquilo que era sadio e benéfico foi encarado pela mídia como uma forma de verificar quais empresas brasileiras eram poluidoras, o que inibiu as empresas participantes e a continuação do projeto. Esse é, ainda, um processo bastante tímido em nosso País”, disse Penteado.
ISO 14000 – Trata-se de uma listagem de normas desenvolvidas pela ISO (International Organization for Standardization) que têm o objetivo de estabelecer diretrizes sobre a gestão ambiental dentro das empresas. Auditorias sequenciais são as responsáveis por entregar o certificado ISO 14000 a organizações que se preocupam com o meio ambiente. Educação, atualização e mercado de trabalho – Quanto mais conhecimento um profissional acumula, maiores são as chances de uma boa recolocação no mercado. Na Contabilidade, a Educação Continuada sempre foi incentivada tanto pelo CFC (Conselho Federal de Contabilidade) quanto pelos CRCs (Conselhos Regionais de Contabilidade) e Entidades Congraçadas. “Nos próximos três anos a procura por Contabilistas inteirados em gestão ambiental será grande e o profissional que começar a preparar-se terá destaque. Quem começar a estudar hoje, sem pressão, terá tempo para especializar-se”, disse Penteado. É importante incentivar o estudo e abordar o tema na mídia para que os profissionais que lidarão com ele no futuro estejam habilitados para tal. “Devemos informar e capacitar”, completou Penteado. Para o especialista, o ideal é montar uma equipe multidisciplinar para trabalhar a gestão ambiental de uma empresa. “É interessante contar com um especialista em gestão, um engenheiro ambiental, um Contabilista e um advogado, todos especializados na área, incluindo também psicólogos. Esta é uma fórmula que deveria ser mantida”, afirmou. Convenção – Mais detalhes desse segmento promissor (apenas 1% dos 407.033 Contabilistas registrados no Brasil atua na área socioambiental) poderão ser obtidos durante a 21ª Convenção dos Contabilistas do Estado de São Paulo, na palestra “Contabilidade Ambiental – Desafios e Alternativas”, que será ministrada no dia 21 de agosto de 2009, das 14h às 15h30, pela Auditora Fiscal da Fazenda Estadual do Piauí, pós-graduada em Contabilidade e em Direito e Processo Tributário, membro do Grupo de Estudos sobre Informações de Natureza Ambiental do CFC, Gardênia Maria Braga de Carvalho.
Fonte: CRC SP On Line
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