Por Alessandro Alves
Nos últimos anos, a concorrência internacional nos mercados interno e externo tem cada vez mais desafiado a economia mundial, ameaçando a segurança de emprego a longo prazo e a prosperidade dos trabalhadores. O declínio da competitividade industrial em alguns países estimulou os esforços para encontrar maneiras de restaurar a liderança nos mercados mundiais. A partir do momento em que o declínio de algumas indústrias é amplamente percebido como sendo resultado não de uma incapacidade de desenvolver novas tecnologias, mas por causa da incapacidade de gerir a tecnologia disponível em uma forma eficiente no tempo necessário, tem-se que um componente fundamental desse esforço é melhorar a gestão da base tecnológica.
Entendendo que a tecnologia desempenha um papel fundamental na interação do indivíduo, sociedade e natureza, o possível perceber que avanços tecnológicos têm efeitos importantes sobre cada uma dessas personalidades que por sua vez são influenciados por elas. Desta forma, a Gestão da Tecnologia envolve a compreensão dessas relações e lida com elas de uma forma racional e eficaz.
Nesse sentido, a Gestão da Tecnologia é uma grande promessa para enfrentar a competitividade não só no setor de fabricação, mas também no setor de serviços. Como uma disciplina acadêmica, a Gestão da Tecnologia é um campo emergente, mas distinto de ensino e pesquisa. A proliferação de cursos e programas em diversas áreas da graduação das principais instituições de ensino com interesse em buscar a formação profissional em Gestão de Tecnologia são reflexo de uma crença generalizada nas potenciais aplicações de gestão de tecnologia.
Todavia, o que se percebe atualmente é que mais uma vez a ciência contábil está “galopando” (pra não dizer “caminhando”) atrás dessa nova “emergência nacional”. Na literatura de hoje percebe-se que existem muitos trabalhos ou pesquisas que procuram tratar o tema no sentido de buscar como a tecnologia tem impactado na contabilidade ou procurando saber o que acontecerá com a ciência com a chegada da informática. Como apresentado pelo prof. Miranda (2008)[1], que com o advento da tecnologia da informação (TI) especialistas na área de negócios afirmavam que os contadores seriam desnecessários. Este boato, como tantos outros, foi desmentido pela realidade. Houve uma transformação que levou à mudança de paradigma da profissão devido a convergência das normas contábeis e da utilização da TI como uma poderosa ferramenta que facilitou o trabalho dos contadores, dando mais tempo para que pudessem pensar na gestão dos negócios e poupando o tempo demandado na execução de tarefas de cunho prático e operacionais pouco voltadas para a análise da empresa.
Mas, será que os profissionais, especialmente os que trabalham em escritórios, estão realmente pensando na gestão empresarial? Ou será que estão aproveitando essa facilidade da TI para obter um maior número de clientes e aumentar o seu faturamento?
Ademais, é importante perguntar o que esses profissionais têm realizado para melhorar o desempenho da produção de inovações tecnológicas nas empresas que buscam o desenvolvimento de um produto competitivo.
Será que as ferramentas contábeis são inúteis para as empresas que produzem serviços ou produtos de alta intensidade tecnológica?
Sabe-se que no mundo empresarial atual as tecnologias mais eficientes e eficazes são quem determinam o ganho. Além disso, é conhecido que hoje o inventário tecnológico mundial pode ser obtido através de quaisquer dos vários mecanismos de transferência. A compra e venda de tecnologias são eventos comuns, a tecnologia tornou-se uma mercadoria vendável, que transcende as fronteiras nacionais. A apreciação de um conjunto de tecnologias possíveis, portanto, deve ser incorporado no planejamento estratégico das corporações.
Enquanto as tecnologias se tornam mais sofisticadas, que exigem o compromisso de níveis mais elevados de mão de obra, habilidade e capital os ciclos de vida de produto precisam ser reduzidos, a cooperação institucional no domínio da pesquisa e desenvolvimento (P&D) torna-se um importante mecanismo para a mudança. Acordos entre governo, empresa e universidade para o aumento dos esforços em P&D se tornaram uma importante fonte de progresso científico e avanço tecnológico. A difusão global das capacidades tecnológicas também incentiva cooperação em P&D de empresas entre as diferentes instituições.
Neste contexto, podemos perguntar: “cadê a atuação da contabilidade?” Ela não poderia fazer parte da elaboração do planejamento estratégico realizando avaliações do custo dos competidores, orçamento do valor da marca, custeio do ciclo de vida do produto, realizando a precificação estratégica ou até mesmo realizando avaliações dos competidores baseadas nas demonstrações financeiras publicadas?
Todavia, o que se vê atualmente é a utilização de medidas tradicionais de desempenho que não são úteis e não acompanham o novo modelo de inovação. Métodos de contabilização e avaliação financeira são contra a inovação tecnológica e subestimam o risco de manutenção do status quo. Há uma necessidade de saber até que ponto os métodos atuais têm influenciado na avaliação geral do desempenho econômico e financeiro da nova tecnologia e de suas características específicas, ou seja, os riscos, a qualidade dos processos e produtos, a entrada no mercado, posicionamento competitivo e, a rentabilidade no curto e no longo prazo.
Em suma, ao invés de ficarmos perguntando qual o impacto que tecnologia tem ocasionado na ciência contábil (ou na vida do profissional), poderíamos tentar descobrir como a contabilidade pode impactar para a melhoria do desenvolvimento tecnológico e, talvez descobrir uma melhora no desenvolvimento social e econômico e, por consequência, na qualidade de vida das pessoas.
[1] Informação fornecida pelo professor Dr. Luiz Carlos Miranda em palestra ministrada com o título: “A trajetória e os desafios contemporâneos da Contabilidade” no VII Seminário PIB 2008 do Mestrado em Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ realizada nos dias 13 e 14 de Outubro de 2008 no Rio de Janeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário