Belo Monte pode sair do papel, mas potencial hídrico se esgotaria em 15 anos
RIO - A polêmica em torno da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, demonstra que o país dependerá cada vez mais da energia que pode ser explorada nos rios da Amazônia. além do leilão desta semana, o governo planeja conceder mais cinco usinas na região ainda neste ano. A segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2) prevê um mapeamento para descobrir o potencial de 12 novas bacias: 11 em áreas da floresta. Mas, mesmo muito grande, o potencial tem prazo para acabar. Segundo especialistas, isso pode ocorrer em 15 ou 20 anos, devido ao forte crescimento do país, que deve fazer explodir o consumo de energia. E, afirmam eles, o país ainda não está buscando diversificar sua matriz energética com eficiência.
De acordo com o Secretário de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, o consumo de energia até 2030 será multiplicado por 2,5 e a atual capacidade instalada das hidrelétricas, de cerca de 80 mil MW, deve chegar a 180 mil MW até 2030. Este forte crescimento vai praticamente esgotar a capacidade dos rios - ao menos com as atuais tecnologias e com o atual nível de debate ambiental:
- O potencial total dos rios do país é de 260 mil MW, mas sabemos que explorar tudo não é factível. Cerca de 70% do potencial não explorado está na Região Amazônica, onde as construções têm de obedecer a uma série de quesitos.
Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), confirma a limitação questões ambientais.
- Estimamos que o potencial hídrico brasileiro explorável estará em uso até 2025 ou 2030 - diz, lembrando que, das cinco hidrelétricas possíveis para o Rio Xingu, o governo pretende apenas tirar Belo Monte do papel. Não será construída nenhuma hidrelétrica no médio Araguaia.
- Estas usinas tendem a ser mais caras e gerar menos energia que em outras regiões do país. Além de serem a fio d'água, o que não requer grandes reservatórios mas gera menos eletricidade, os projetos são mais adequados às questões ambientais. Em Belo Monte, por conta das questões indígenas, tivemos que colocar no projeto a construção de um canal, que vai encarecer a obra e reduzir a geração de energia em 7,5% - explica.
Fonte: O Globo on line, 17/04/2010.
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